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Suellen Massena faz sucesso na internet com ditados em Yorùbá

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19 de janeiro de 2021

Estimulada a produzir conteúdo apenas para se manter próxima dos amigos na quarentena, a modelo e figurinista ainda processa o sucesso do trabalho e diz que aprende junto com seguidores 

Texto: Roberta Camargo | Edição: Lenne Ferreira | Imagem: Arquivo pessoal

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“Eu acho que isso vai te trazer um norte”, foi a frase que Suellen Massena ouviu da yalorixá, Nilzete Cardoso, quando ganhou de presente o livro de bolso que se tornou guia, roteiro e inspiração para a produção de reels matinais no Instagram. “Eu sempre andei com ele pra cima e pra baixo, se tornou um livro de potência, eu abria e viajava nos provérbios”, conta a modelo e figurinista.

Aos 29 anos, Suellen (@suellen.massena nas redes sociais), que é natural de Salvador-BA, vive em São Paulo, onde realiza o trabalho de produtora de conteúdo, modelo – profissão que compartilha com as duas irmãs mais novas e gêmeas – e figurinista. A inspiração para cada vídeo de até 30 segundos, semelhante ao TikTok, recentemente adicionado ao Instagram e que alcança mais de 200 mil pessoas por post, veio de casa: “Minha mãe tem provérbio pra tudo, então sempre tem um ditado para resumir o que ela quer dizer e para enfatizar isso ou aquilo”, explica.

O grande sonho da “conselheira de reels”, como mostra a bio da jovem no Instagram, é escrever um livro e confessa que criar familiaridade com o vídeo é muito novo em sua rotina: “Eu estava sempre nesse lugar de não falar. Eu não era tímida, era silenciada. Eu passei a fazer os vídeos como um exercício mesmo.”

suelen imagem 2Imagem: Arquivo pessoal

 

Em entrevista a Alma Preta, a produtora de conteúdo contou sobre o início de sua trajetória com a internet, interesses, conquistas e os próximos passos.

Agência Alma Preta: Como você começou a produzir o conteúdo no Instagram?

Numa sexta-feira, eu tava de roupa branca e abri o livreto na página que dizia “Quem usa roupa branca não se senta na graxa” e aí eu gravei um reels. 40 mil visualizações, todo mundo pedindo mais. Eu passei a receber mensagens de pessoas dizendo como acalmava, de como trazia paz…Eu acordo muito cedo e comecei a postar essas coisas que eu já fazia fora da pandemia. Eu percebi que eu já fazia essas coisas de “traduzir”, porque eu leio uma frase que já existe e dou a minha interpretação dela.

Sueen Massena: Como é o fluxo de produção de conteúdo para você?

Eu só leio o que faz sentido pra mim. Eu tenho ele (livreto) há 7 ou8 anos e cada vez faz sentido de uma forma diferente. Eu pego, eu leio, eu interpreto, eu traduzo e isso acolhe muito as pessoas. Eu não tô ensinando ninguém, eu tô aprendendo junto. Eu percebi que as pessoas têm dificuldade de aprender, de se libertar de amarras. Eu não tô aqui pra te ensinar, eu tô aqui pra aprender junto e vamos nessa.

A espiritualidade é um ponto muito presente nas coisas que você diz na internet, conta um pouco mais sobre isso.

Na minha geração, eu sou a única entre as minhas amigas iniciada no candomblé. Eu percebi que eu já fazia essa tradução, porque as pessoas tinham acesso ao candomblé através de mim. A gente não encara as coisas como elas são, mas a maioria desses ditados foram os nossos ancestrais que mastigaram isso pra gente.

Você citou a pandemia como parte do cenário de produção do seu conteúdo, porque acha que isso deve ser levado em consideração?

Eu acho que o contexto que a gente vem, pandêmico, deixa a gente muito carente. Eu crio conteúdo pra internet desde que eu estou na internet, eu só assumi isso agora, desde o início da pandemia. Eu sempre faço como se eu estivesse fazendo pros meus amigos e sempre me surpreendo quando vejo mensagens.

Quais retornos você geralmente têm diante do que posta no Instagram? Como você enxerga isso?

Isso é reflexo de um crescimento meu, pessoal. De um trabalho meu que eu venho fazendo, o tanto de mulher preta que vem me dizendo que se inspira, que se alimenta disso. A nossa saúde mental, a gente estar bem já é um ato político. Nunca a gente pode estar bem e compartilhar isso, então a cada publicação, eu exerço esse direito. Eu não quero me negar o direito da minha humanidade, de sentir raiva, de estar triste, mas quero ser feliz. Isso a sociedade nega pra gente. O quanto eu puder compartilhar com as pessoas pra gente se olhar e enxergar a realeza que a gente é, eu vou.

Como tem  sido a sua relação com marcas?

Eu já fiz alguns trabalhos para marcas também. Um que eu fiquei bem surpresa foi a campanha da Fenty, pensei: “Meu Deus, eu tô trabalhando pra Rihanna!”

Quais são os planos para o futuro?

Foi muito difícil pra mim me colocar nesse lugar (de produtora de conteúdo), mas tenho o plano de fazer conteúdos mais longos. Eu só sei falar sobre as coisas que eu vivo. Por isso, a dificuldade de classificar a produção do meu conteúdo. Eu acho que o podcast é o que mais me abraça.

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