Candidato do PSOL promete recriar a Secretaria de Igualdade Racial para promover políticas afirmativas para a população negra; Bruno Covas promete aumentar o número de pessoas negras no primeiro escalão de sua gestão
Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Reprodução
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Na reta final do segundo turno das eleições municipais de São Paulo, organizações do movimento negro declararam apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL). O documento “SP Antirracista com Boulos 50” destaca que a pandemia da Covid-19 matou mais de 14 mil pessoas na capital, na sua maioria negra e periférica, no comando do adversário, o prefeito Bruno Covas (PSDB).
Por outro lado, a gestão proposta por Boulos e Erundina se mostra “comprometida com a vida do povo negro e que terá como prioridade o enfrentamento ao racismo em suas mais diferentes expressões e intersecções”.
Pesquisa Datafolha divulgada na terça-feira (24) aponta que 58% dos eleitores negros de São Paulo declaram voto em Boulos para o domingo (29). No caso de Covas, a declaração de voto entre esse grupo populacional é de 42%. Em geral, a pesquisa de intenção de voto mostra que a diferença entre os dois candidatos diminuiu. Boulos passou de 42% para 45% e Covas caiu de 58% para 55%
No programa Roda Viva, da TV Cultura, exibido na segunda-feira (23), com entrevistas dos dois candidatos, o candidato do PSOL afirmou que vai recriar a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e priorizar a luta antirracista. Covas, por sua vez, disse que vai formar um primeiro escalão com mais pessoas negras. Nas 26 secretarias municipais, na gestão atual, não há nenhuma pessoa negra. No primeiro escalão do governo tucano, só a GCM (Guarda Civil Metropolitana) é chefiada por uma mulher negra.
“A população negra organizada deve compor a gestão dos serviços públicos e da máquina pública a partir de pessoas negras orgânicas desses movimentos e suas pautas e reivindicações devem ser acolhidas”, explica o educador Douglas Belchior, à frente da UneAfro, um das entidades que compõem a Coalizão Negra por Direitos.
Para Simone Nascimento, do Movimento Negro Unificado (MNU), de São Paulo, as propostas da chapa Boulos são mais concretas e foram elaboradas em conjunto com organizações de luta contra o racismo como o Círculo Palmarino, a Rede Quilombação e parte da militância do MNU.
Ela considera importante que a prefeitura da maior cidade do Brasil, com mais de 33% da população autodeclarada como negra, tenha políticas objetivas de combate ao racismo como impedir que empresas com histórico racista participem de licitações públicas, implantar leis como a 10.639, de 2003, que inclui na grade curricular das escolas públicas municipais o ensino da história e cultura africana e afrobrasileira, e proibir homenagens a figuras racistas na cidade.
“Quando vemos o plano de Covas para combater o racismo, temos uma resposta genérica sobre um programa de inclusão sem entrar no debate de garantia da continuação das cotas raciais para o serviço público de São Paulo. Não há nada sobre programa de saúde da população negra e indígena e sem firmar nenhum compromisso com o movimento negro. O programa do Boulos foi construído em diálogo com entidades do movimento negro”, conta Simone.
A iniciativa de apoio à candidatura de Guilherme Boulos e Luiza Erundina foi articulada e proposta pela UNEAFRO BRASIL, MNU – Movimento Negro Unificado, APNs – Agentes de Pastoral Negros do Brasil, Coletivo de Esquerda Força Ativa, EDUCAFRO – Educação e cidadania para Afrodescendentes e Carentes, CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras, QUILOMBAQUE, UNEGRO – União de Negros pela Igualdade e já conta com apoio de mais de uma centena de organizações, entidades e coletivos negros e periféricos.