No período de quarentena por causa da Covid-19, ações da polícia nas favelas cresceram e ficaram mais violentas
Texto: Juca Guimarães | Edição: Nataly Simões | Imagem: André Gomes de Melo/Governo do Estado do Rio de Janeiro
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As mortes decorrentes de operações policiais no Estado do Rio de Janeiro aumentaram quase 60% desde o início do período de isolamento social por causa do Covid-19, o novo coronavírus. É o que revela uma análise feita pela Rede de Observatório da Violência, grupo formado por especialistas em políticas públicas.
Em março, primeiro mês da quarentena, as operações policiais diminuíram 76,9% na comparação com o mesmo período de 2019, porém, em abril e maio, as ações cresceram e ficaram ainda mais violentas.
Em abril, o número de incursões cresceu 27,9% e as mortes aumentaram 57,9% durante as operações. Segundo o estudo, que é um projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), foram 30 mortes no quarto mês de 2020 contra 19 no mesmo período do ano passado. O número de operações saltou de 78 para 91.
Na análise do CESeC, em março houve uma forte queda no número de operações em relação às realizadas em 2019. As operações com motivação “repressão ao tráfico de drogas” diminuíram, enquanto efetivos policiais passaram a ser empregados em ações ligadas ao controle da pandemia. Isso refletiu diretamente no número de mortes, com 23 em abril de 2019 e quatro no mesmo mês de 2020.
Já em maio, o foco voltou a ser as operações contra o tráfico de drogas e as incursões em favelas da região metropolitana do Rio ficaram mais “sangrentas”. A análise mostra também que a Polícia Militar é a força mais empregada pelo Estado nas ações dentro das favelas. Entre 15 de março e 19 de maio, foram 152 operações com PMs. Ao todo, o número de operações monitoradas no período foi de 209 operações, com um total de 69 mortes.