Produção disponibilizada no YouTube explora em cinco episódios diversos aspectos do que foram historicamente e ainda são as insurgências, revoltas e resistências negras no Brasil
Texto: Redação | Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação
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O coletivo Lentes Malungas lançou em agosto a websérie documental “Guia de Revoltas Negras”. A produção explora em cinco episódios diversos aspectos do que foram historicamente e ainda são as insurgências, revoltas e resistências negras ao longo da formação social e cultural do Brasil.
Formado por Aline Rocha, Anna Raquel e Thayna Lemos, três mulheres negras nascidas e criadas nas periferias da Grande São Paulo, Lentes Malungas surgiu da vontade de ampliar narrativas com enfoque na linguagem audiovisual. Ao enxergar a potência da linguagem cinematográfica como ferramenta política para comunidade negra, as criadoras têm elaborado projetos e ações que buscam compartilhar percepções do mundo. A produção foi contempladas por programa de incentivo à cultura da prefeitura da capital.
Em virtude da pandemia da Covid-19, o novo coronavírus, a estreia foi realizada nas redes sociais e no canal no YouTube do coletivo. Já foram disponibilizados dois episódios.
O primeiro: “Olhar insurgente ara história” conta com a participação de Cleber Vieira, Tulio Custódio e Raquel Barreto. Juntos, os especialistas trazem reflexões do conceito de insurgência a partir da interpretação de obras de Clóvis Moura, Abdias do Nascimento e Beatriz Nascimento – três intelectuais fundamentais para entender a formação sociocultural brasileira.
Já o segundo: “Práticas de saúde insurgentes” traz a reflexão de como as práticas de saúde fazem parte de um conhecimento ancestral mas por muitas vezes são invalidados ou desvalorizados ainda que sejam praticados até hoje de maneira natural e cotidiana. Maria Lucia do Instituto AMMA Psique e Negritude e Mayara Custódio Obstetriz e parteira, nos trazem referenciais para refletir sobre como temos nos dedicado a saúde, autonomia, cuidados individuais e coletivos.
No dia 24 de agosto será disponibilizado o terceiro episódio. “Religiosidades insurgentes” conta com a entrevista de Adriana Toledo (Iyá Adriana de Nanã) e Antônia Cezerilo abordando como as manifestações religiosas são práticas insurgentes. Do cotidiano e desafios dos terreiros às irmandades católicas podemos perceber as suas concepções e existências como espaços estratégicos que, ainda hoje, são potências “invisíveis” em busca da garantia de uma vida e morte – no caso das irmandades, dignas para a população preta brasileira.
No dia 26 vai ao ar o quarto. “Corpolidades insurgentes” aborda o racismo, machismo, lgbtfobia e tantos outros marcadores de opressão, que fundamentam e estruturam a sociedade numa lógica de retroalimentação sistêmica que atinge nossos corpos de forma individual e coletiva. As entrevistadas Luciane Ramos e Audre Werneck abordam conceitos e movimentos a partir da trajetória de corpos que transitam e transformam cotidianamente a sociedade. O episódio é marcado pelo questionamento: “Qual a relação entre corpo, espaço e memória?”.
O quinto e último vai ao ar no dia 28. “Arquiteturas e tecnologias insurgentes” conta com participação de Abílio Ferreira e Carlos Machado, que trazem reflexões acerca da invisibilidade material e histórica que permeiam as próprias civilizações, cidades e invenções. Ao reivindicarem um legado e reconhecimento, os entrevistados trazem a tona uma outra face do racismo.
Confira o trailler de “Guia de Revoltas Negras”: