Primeira iniciativa na África fará estudo com mais de 2 mil pessoas; vacina é considerada único meio de retorno total das atividades
Texto: Guilherme Soares Dias | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reuters
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A África do Sul vai começar a testar uma possível vacina contra a Covid-19, desenvolvida pela Universidade de Oxford, na primeira iniciativa do gênero no continente africano. As provas serão feitas pela Universidade de Witwatersrand, uma das principais do país, e terão início ainda esta semana na província de Gauteng, onde estão situadas as cidades de Joanesburgo e Pretória, de acordo com informações da Deutsche Walle (DW).
O estudo vai testar a imunização em cerca de 2 mil pessoas do país que passou a marca de 100 mil casos de covid-19, com quase 2 mil mortes e é a nação mais afetada pela pandemia em toda a África. Entre os participantes, estarão 50 pessoas que vivem com o vírus HIV. Na Universidade de Witwatersrand, os responsáveis pelos ensaios salientaram que este é um passo importante para que países de baixos rendimentos em geral não fiquem para trás na corrida global por uma vacina.
“Quando participarmos em ensaios, há uma obrigação moral bastante forte de podermos dizer ‘ajudámos a desenvolver aquilo que esperamos que seja uma vacina bem sucedida’ e, por isso, queremos garantir que as pessoas no país onde foi desenvolvida tenham acesso a essa vacina”, disse Helen Rees, diretora executiva do Instituto de Saúde Reprodutiva e VIH da Universidade de Witwatersrand, à DW.
A vacina em questão chama-se ChAdOx1 nCoV-19 e foi desenvolvida por peritos do Instituto Jenner da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Já foram realizados ensaios promissores no Reino Unido, mas o impacto decrescente da pandemia nesse país levou os cientistas a procurarem ensaios também em outros Estados. Além da África do Sul, a vacina também será testada no Brasil e outro ensaio ainda maior está sendo preparado para os Estados Unidos.
Casos no continente africano
O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África (CDC), John Nkengasong, observou que “o início da pandemia de Covid-19 foi adiado na África, mas o número de casos e mortes está aumentando rapidamente a cada dia”.
Nkegasong também enfatizou que a disponibilidade de uma vacina será “a única solução que permitirá aos países membros da União Africana retornar a uma economia totalmente funcional”. O número de casos do novo coronavírus na África atingiu 359.408 no dia 27 de junho, enquanto o número de mortos chegou a 9.238. O número de pacientes recuperados é de 173.057, segundo dados divulgados pelo CDC. “A África deve ter cuidado e se preparar para um aumento no número de casos, como já observado na América Latina após a flexibilização dos bloqueios”, conforme uma declaração do CDC da África, emitida em 26 de junho.
O CDC da África também ressaltou que a região da África Austral é agora a área mais afetada em todo o continente em termos de casos positivos da Covid-19, ultrapassando a região da África do Norte.