O rompimento matou 248 pessoas, entre elas, 16 quilombolas, em Minas Gerais
Texto / Lucas Veloso | Edição / Pedro Borges | Imagem / Reprodução
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Seis meses depois de matar centenas de pessoas, a Vale foi condenada pela primeira vez, na Justiça estadual de Minas Gerais, a reparar os danos causados pelo rompimento da barragem na mina do Córrego do Feijão em Brumadinho, no mês de janeiro.
Na época, comunidades quilombolas da região também foram atingidas pelo desastre ambiental. Foram registradas 16 vítimas fatais nesta população.
Dada na terça-feira, 9, pelo juiz da 6ª Vara de Fazenda Pública e Autarquias da capital, Elton Pupo Nogueira, a sentença não definiu o valor que a mineradora deve pagar, pois os cálculos pelos danos ainda estão sendo feitos.
A definição do valor “não se limita às mortes decorrentes do evento, pois afeta também o meio ambiente local e regional, além da atividade econômica exercida nas regiões atingidas”, escreveu o juiz.
Sandra Maria Andrade faz parte do quilombo Carrapatos de Tabatinga, no município de Bom Despacho, zona oeste de Minas Gerais e acredita que a decisão judicial é importante, mas ainda não dá conta de todos os danos provocados pela empresa no local. .
“Essa condenação não chega nem perto dos prejuízos, materiais e imateriais, provocados a essas comunidades, que estão sem sustento, pois dependiam do rio, atingido pela lama”, argumenta Sandra.
“As mudanças negativas em nossas vidas depois da tragédia são incalculáveis. Não temos onde prover nosso sustento, não temos perspectiva de recuperação e muito menos reconhecimento da empresa quanto às mortes provocadas”, completa a quilombola.
Além dos vitimados, os rejeitos de minério, despencados com o rompimento da barragem, atingiram animais silvestres, domésticos e de fazendas, chegou no rio Paraopeba, que percorre várias cidades do estado. Ali também havia havia captação de água para abastecimento da região metropolitana da capital.
Três processos contra a Vale, por conta da tragédia, ainda correm na Justiça do Trabalho, ainda sem sentença condenatória, sendo que o principal é uma ação civil pública proposta pelo MPT (Ministério Público do Trabalho).
“Esperamos que nossos parlamentares punam a Vale e seja criado um novo mecanismo de sobrevivência nestes locais, onde os quilombolas estão e não querem ser remanejados, mas permanecer”, destaca Sandra.
“Continuamos na luta, porque essa empresa não pode ser mais importante para o país, em comparação com as comunidades quilombolas, que tanto contribuíram para o desenvolvimento e construção desta nação”, completa a ativista.
O Alma Preta entrou em contato com a imprensa da Vale, mas até o fechamento desta reportagem não obteve retorno sobre as ações feitas para reparar os prejuízos com a população quilombola.