As mulheres brasileiras empreendem mais por necessidade de renda extra ou de recolocação no mercado de trabalho que os homens, com índices de 48% e 37%, de acordo com a Global Entrepreneurship Monitor, pesquisa realizada em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
No caso das mulheres negras, o empreendedorismo sempre foi um caminho promissor para driblar o desemprego, embora ainda tenham que lidar com o racismo.
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Após ficar desempregada, Silmara Vicente, de 52 anos, identificou uma lacuna no mercado e fundou em 2007, junto à sua mãe Cleusa Vicente, uma empresa especializada em entretenimento e turismo.
“Quando fui demitida eu já tinha 40 anos e é bem difícil se recolocar no mercado de trabalho nessa idade. Por isso, abrir um negócio foi uma estratégia necessária para alcançar novos espaços”, conta a empresária.
Atualmente, a Global Concierge possui diversos clientes fidelizados e oferece pacotes de viagens criados de acordo com as necessidade específicas de cada um.
Mas Silmara lembra das dificuldade de abrir uma empresa diante do racismo estrutural existente no Brasil. “É uma questão abrir um negócio nessas condições, afinal eu e minha mãe somos mulheres negras. O caminho foi bem penoso, por vezes ainda é, mas tem sido gratificante de maneira geral”, recorda.
A empresária destaca que são comuns eventos e treinamentos em que ela e a mãe são as únicas negras a participar, mas avalia que este panorama está mudando.
“Eu ainda noto uma baixa presença da população negra nos espaços. Porém, acredito que existam campanhas e parceiros preocupados com essa questão”, afirma.
Nesta semana, a empresária participou da primeira edição do fórum “O Viajante Negro do Brasil: Reconexões Através do Turismo”, em São Paulo.
“A proposta do evento era justamente pensar em destinos que trouxessem reconexões dos afro-brasileiros com o continente africano por meio do turismo”, conta Silmara.
A fundadora da Global Concierge defende a importância de as instituições discutirem estratégias para inclusão de profissionais negros no mercado de trabalho. Para ela, isso não deve ser feito apenas por meio de cotas impostas por regulamentações jurídicas.