Policiais afirmaram, em sigilo ao portal UOL, que as circunstâncias de um assalto sofrido por Ronnie Lessa, suspeito de participar do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018, deveriam ser investigadas para averiguar se houve tentativa de “queima de arquivo”.
A documentação do processo, segundo o portal, aponta que essa possibilidade não foi considerada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).
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Em 27 de abril de 2018, um mês e meio após o assassinato de Marielle e Anderson, o sargento reformado da Polícia Militar estacionou o carro em frente ao restaurante Varandas, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), onde costumava almoçar às sextas-feiras.
Segundo testemunhas, Lessa foi surpreendido por Alessandro Carvalho Neves, que estacionou a moto em um quiosque próximo ao restaurante e se aproximou do sargento reformado da PM anunciando o assalto. Neves fugiu após roubar o relógio de Lessa e atingi-lo com um tiro no pescoço.
O assaltante, de Taboão da Serra (SP), foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão por latrocínio (roubo seguido de [tentativa de] morte). Até a data do assalto em abril do ano não havia registros de crimes cometidos por Neves no estado fluminense.
O processo que levou a sua condenação não traz nenhuma explicação do que ele fazia no Rio de Janeiro em abril do ano passado e se foi o acaso que o fez escolher como vítima Ronnie Lessa, acusado posteriormente pelo MP-RJ como assassino de Marielle e Anderson.
A cena do crime não foi periciada e o MP-RJ pediu perícia no único projétil encontrado no local, mas o material nunca chegou ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli. O revólver e moto que Neves utilizou no assalto também sumiram.
Ligação de Ronnie Lessa com o assassinato de Marielle e Anderson
Acusado de ser o autor dos disparos que matou Marielle Franco e Anderson Gomes, Ronnie Lessa foi preso em 12 de março de 2019, quase um ano após o assassinato. O sargento reformado da PM nega ter envolvimento na morte da vereadora e do motorista e foi preso no condomínio onde morava na Barra da Tijuca, o mesmo onde o presidente Jair Bolsonaro e o filho Carlos Bolsonaro têm dois imóveis.
Até hoje, não há informações concretas sobre a motivação do assassinato e quais foram os mandantes.