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Agência promove turismo em comunidades quilombolas

30 de julho de 2018

O objetivo é aproximar e valorizar a cultura afro-brasileira conectando pessoas com as histórias dos ancestrais, promovendo, ao mesmo tempo, o protagonismo das comunidades

Texto / Thalyta Martins
Imagem / Carlos Kulps – Consulado Americano do Rio de Janeiro

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A aproximação entre pessoas que moram em grandes centros urbanos com comunidades quilombolas, indígenas e da cultura afro-brasileira é o principal objetivo de um projeto turístico étnico-cultural. Ao ter como norte o desenvolvimento do protagonismo dos moradores de tais regiões, por meio da contação de histórias e do compartilhamento de conhecimento, o projeto visa organizar visitas, aulas de campo e workshops para promover cultura e memória.

A agência responsável pela mediação dos encontros é a Conectando Territórios, criada em 2013 por Thaís Rosa Pinheiro, mestre em memória social, com especialidade em análise ambiental e gestão de território, além de especialista em economia, turismo e gestão social.

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Thais Rosa Pinheiro, criadora da Conectando Territórios (Foto: Facebook Conectando Territórios)

O objetivo do projeto é valorizar a diversidade cultural brasileira, desmistificar o olhar único sobre essas comunidades, ao aproximar os visitantes dessas histórias por meio do diálogo, e também recuperar a memória coletiva dos moradores.

O resultado previsto é troca e valorização dos dois lados, além da permanência dos moradores em seus espaços, que usam o turismo para se manterem financeiramente e fazerem a manutenção dos territórios.

“Buscamos a aproximação de nossas raízes históricas de comunidades que têm importância na construção do país por meio do turismo comunitário, em que a gestão turística é feita pela comunidade, gera renda e contribui para a sustentabilidade local e manutenção da comunidade em seu próprio território. Acreditamos que o turismo tem o poder de criar diálogo e valorizar nossos saberes e fazeres que vieram com nossos ancestrais”, diz Thaís.

O primeiro contato de Thaís com comunidades quilombolas ocorreu em 2003 durante o Fórum Social Mundial em Porto Alegre, quando ela conheceu um morador da comunidade de Kalunga, em Goiás. Em 2004, ela visitou a comunidade do quilombo de São José em Valença, no Rio de Janeiro, e quebrou estereótipos quando viu a cultura que pulsava naquele local, entre as manifestações da comunidade estava o Jongo. Sua pesquisa acadêmica percorreu esse campo e resultou na criação desse projeto.

Visibilidade às lutas comunidade

A especulação imobiliária, a falta de acesso aos grandes centros e a dificuldade para demarcação de terras são algumas dificuldades enfrentadas por estas comunidades. O turismo de base comunitária atua também com o objetivo de dar visibilidade às lutas diárias travadas pelos quilombolas.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que a população brasileira é composta majoritariamente por negras e negros, chegando a 54% do quadro total. No entanto, mesmo com leis como a 10.639/2003, que propõe o ensino das histórias e das culturas afro-brasileira e africana no Brasil, a educação pública brasileira ainda é deficiente em transmitir imagem positiva de comunidades indígenas e quilombolas, como pessoas que trabalham, fazem manutenção e preservação de saberes ancestrais e estudam, sendo essenciais para o país.

“A história brasileira foi contada pelo colonizador. Entrar em contato com a história e identidade de cada território é saber que não existe uma história única. A partir do momento em que as pessoas passam a ter contato com a história de luta e resistência dessas comunidades, elas fortalecem o movimento de reivindicação de direitos por meio da visibilidade”, afirma Thais.

Valorização do que é nosso

Rosa acredita que a única forma de conhecimento de nossas raízes é pela conexão com a nossa história. Quebrar com a história única contada pelo colonizador, que não abrange toda a resiliência dos ancestrais, é uma possibilidade.

“Conectarmos e valorizarmos todo o conhecimento que nossos ancestrais trouxeram e deixaram para nós é necessário para seguirmos em frente. A história deixa de ser única quando é falada e ouvida por nossas e outras vozes”, pontua a mestre em memória social.

Entre os locais que as pessoas podem conhecer por meio da Conectando Territórios estão o Quilombo do Grotão, onde o visitante entra em contato com a história dos quilombos e vivencia a cultura local, como o samba, e a Região da Pequena África no Rio de Janeiro.

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Visita ao Quilombo do Grotão no Rio de Janeiro com argentinos e brasileiros (Imagem: Facebook Conectando Territórios)

Saiba mais

Interessados poderão acessar o site da Conectando Territórios para obterem mais informações sobre o projeto e os destinos turísticos.

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