A intensa seca resultante da redução do nível da água na Amazônia tem causado um estado de alerta na região. Segundo boletim divulgado na tarde deste domingo (22) pelo governo do estado do Amazonas, a seca já afeta 633 mil pessoas. Das 62 cidades do estado, 59 estão em situação de emergência por causa da estiagem.
A seca na Amazônia causou drástica diminuição do nível dos rios, impactando significativamente uma área que depende de uma rede complexa de vias fluviais para transporte e abastecimento.
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O governo local providenciou assistência de emergência à região, onde as margens dos rios, que costumavam ser movimentadas, transformaram-se em terreno acidentado com barcos parados. De acordo com especialistas, a estação seca na Amazônia agravou-se neste ano devido à influência do El Niño, piorado pelas mudanças climáticas.
Em reunião realizada no sábado (21), o Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Estiagem organizou o envio de ajuda humanitária para os povos originários afetados pela estiagem. O auxílio deve contemplar indígenas impactados pela seca dos rios tanto na região metropolitana de Manaus quanto nos municípios das calhas Alto Rio Negro e Alto Solimões.
Além dessa ação, mais remessas de cestas básicas serão direcionadas aos locais, segundo o governo amazonense. Até o momento, a administração já fez o envio de 32 mil cestas à região.
Seca revela gravuras rupestres
Em meio à seca, formações rochosas contendo gravuras de rostos humanos datadas de aproximadamente dois mil anos, anteriormente submersas, reapareceram na região do Rio Negro. As formações nas quais se encontram os registros, estão cercadas por uma densa floresta de um lado e pelas águas rasas do rio do outro. As figuras rupestres representam registros dos antigos habitantes.
As gravuras em rochas e estruturas similares atraíram a atenção de especialistas, não apenas devido ao valor histórico das figuras na região, considerada um sítio arqueológico, mas também devido à preocupação com a redução do nível do rio.
Normalmente, o registro arqueológico permanece submerso pelas águas do Rio Negro, cujo nível atingiu seu patamar mais baixo em cerca de 120 anos na última terça-feira (17). A reaparição dessas gravuras contrasta com a crise enfrentada por centenas de milhares de habitantes da região.