Símbolo máximo de qualquer escola de samba, o pavilhão exige respeito. Intocável para muitos, o pavilhão é carregado pela porta-bandeira, sempre acompanhada e cortejada pelo mestre-sala. Esse cenário, cheio de magia e beleza, é tema do documentário “Gira Bandeira – Guardiões o Carnaval”, dirigido pelo cineasta e poeta, Akins Kintê.
Conhecido das rodas de poema e samba da capital paulista, Akins Kintê acredita que o carnaval de São Paulo merece reconhecimento.
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“O nosso carnaval são impérios africanos. O casal de mestre-sala e porta-bandeira segura essa responsabilidade defendendo e empunhando o estandarte. Nessa dança tem beleza, capoeiragem, toda uma história de uma comunidade por detrás de uma bandeira. Pra gente é muito orgulho”, conta o poeta.
As escolas de samba são formadas por inúmeras funções. Para quem não é familiarizado, parece estranho entender tantas responsabilidades, como coordenador de ala, passista, malandro, velha guarda, secretária, chefe de harmonia, entre outras. Durante os ensaios, contudo, a porta bandeira e o mestre ganham os olhares.
Akins Kintê e um grupo de 14 profissionais, para contarem essa história, optaram por uma trajetória que nem chegou a ser esquecida, de tão pouco que foi contada.
“Primeiramente a ideia era homenagear o mestre-sala Carlinhos, que na década de 1980 foi um grande dançarino do Camisa Verde e Branco. Além de ser um exímio dançarino, o Carlinhos é de uma personalidade mil grau e por isso decidimos investigar sua trajetória. Na pesquisa, vimos que um mestre-sala não existe sem uma porta-bandeira, e uma porta-bandeira não existe sem um pavilhão, então fomos para a pesquisa dessa tríade”, explica.
Mais de 14 pessoas participaram da produção do documentário, que já foi exibido 14 vezes e selecionado para a VI Mostra Sesc Estadual. A expectativa é de que ocorram outras exibições antes de tornar o filme público em plataformas gratuitas. O grupo já exibiu a obra em locais como a comunidade do Jardim Elisa Maria, na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo, e a 14ª Mostra Cultural da Cooperifa, evento idealizado pelo poeta Sérgio Vaz.
Até o momento, Akins Kintê tem recebido um retorno positivo por parte do público. “Tem sido massa. Sempre tentamos levar a comunidade do Elisa Maria que participou do filme para as exibições. O Gira Bandeira é nossa cara, tem a cara do povo e por isso tem sido da hora. Quero circular nas escolas de samba e tentar convidar estandartes de diferentes agremiações para fazermos uma grande festa”.
Essa não é a primeira obra cinematográfica de Akins Kintê, nem mesmo a primeira sobre carnaval e cultura popular. Em 2012, ele lançou o filme “Zeca, o poeta da Casa Verde”, em homenagem a um dos maiores compositores do carnaval paulistano, e “Vaguei os livros, me sujei com a merda toda”, apresentado em 2007, que conta a história a ausência da literatura negra nas escolas e a importância da cultura negra para formação dos jovens de periferia.
O artista promete seguir na pesquisa sobre o assunto. “Investigar nosso povo: dança, música, literatura, religião, os baratos nosso, nos aproxima do que somos cada vez mais. Nossa oralidade é muito forte, não tem como negar na nossa cultura, desde o samba que é a cadência do nosso coração, até a contação de história das nossas avós, chegamos até aqui nessa força”.
Ficha técnica
Direção e roteiro: Akins Kintê
Assistente de Direção: Tally Campos
Direção de Fotografia: Tally Campos
Direção de arte: Anna Silva
Produção Executiva: Bru Imani
Produção: Bru Imani
Edição e finalização: Paque
Câmera: Fernando Solidade ,Naná Prudêncio e Tally Campos
Captação de áudio: entrevistas Adriano Almeida
Captação de áudio: externa Anna Vis
Operador de drone: Vrass
Making Of: Malu Monteiro
Trilha Sonora: Agrício Costa
Trilha Original: Akins Kintê e Agrício Costa
Músicos convidados: Mestre Rudah Felipe e Michel Luis
Mixagem de áudio: Paque
Tradução e legendas inglês
Tradução e legendas espanhol
Legendas português: Paque