PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

 Sindicalista recebe 1º título de doutora honoris causa entregue a empregada doméstica no Brasil

Creuza Oliveira é presidente de honra da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e uma das fundadoras da Associação das Empregadas Domésticas da Bahia
Imagem mostra a sindicalista Creuza Oliveira sentada em um jardim. Ela usa dreads, batom azul e um vestido de mesmo tom com figuras amarelas.

Foto: Divulgação/Fenatrad

27 de novembro de 2023

Na última sexta-feira (24), a ativista Creuza Oliveira foi homenageada com o título de “doutora honoris causa” pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), na reitoria da instituição, em Salvador. A baiana é a primeira trabalhadora doméstica e liderança sindical da categoria a receber a homenagem na história do Brasil.

Aos 65 anos, Creuza se consagrou como uma das mais importantes líderes na luta pelas trabalhadoras domésticas. Atualmente, ela é presidente de honra da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e uma das fundadoras da Associação das Empregadas Domésticas da Bahia. 

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Além disso, sua atuação também se estende como secretária de Formação Sindical e de Estudos do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia (Sindoméstico/BA) e coordenadora-geral do Instituto 27 de Abril (IEC).

Sua trajetória como trabalhadora doméstica teve início quando Creuza tinha menos de dez anos. Foi nos anos 1980 que a ativista se engajou na defesa dos direitos da categoria. Em 1986, época em que a categoria ainda não era reconhecida, a sindicalista participou da fundação da Associação das Empregadas Domésticas da Bahia. 

Somente com a promulgação da Constituição Federal de 1988 que a categoria foi reconhecida e teve o direito ao sindicato assegurado. Quatro anos mais tarde, a ativista desempenhou um papel fundamental na fundação do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia, tornando-se a primeira presidente do órgão.

Após receber a honraria na UFBA, Creuza enfatizou a importância do título recebido em suas redes sociais, destacando a luta da categoria por direitos, dignidade e políticas públicas.

“Tenho a honra de ser primeira trabalhadora doméstica do Brasil a receber esta homenagem. Agora me sinto ainda mais responsável por continuar na luta pela minha categoria. Acredito que este título irá abrir portas para outras trabalhadoras domésticas. É uma vitória muito importante para a nossa luta e para a nossa história. Muito obrigado a todas e todos que contribuíram para eu receber esta honraria! E Viva todas as lideranças sindicais históricas e atuais da nossa categoria!”, celebrou.

Neste ano, Creuza já havia recebido o título de comendadora da “Ordem Dois de Julho” – Libertadores da Bahia, maior honraria do estado da Bahia. Além disso, a ativista já foi indicada para o “Prêmio 1.000 Mulheres” para o Nobel da Paz em 2005. A ativista também recebeu o Troféu Raça Negra da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, no ano de 2013; e a homenagem “Mulheres Guerreiras”, da Previdência Social. No Senado Federal, foi agraciada com o “Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz”, em 2015.

Coordenado pela professora Elisabete Pinto, do Instituto de Psicologia (IPS) da UFBA, o processo para a concessão do título de doutor honoris contou com a participação de nomes como a professora e pesquisadora visitante emérita da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Mary Garcia Castro, o representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT) José Ribeiro, a deputada estadual Olívia Santana, o jornalista Pedro Castro e o juiz do Trabalho (TRT) Renato Resende.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano