Líderes religiosos de diversas vertentes, incluindo candomblé, umbanda, espiritismo, muçulmanos e israelitas, se reuniram na quarta-feira (24) em Salvador com o governador do estado Jerônimo Rodrigues (PT) para discutir a criação da Delegacia Especializada de Combate à Intolerância Religiosa (Decradi). O encontro envolveu secretários de estado e representantes da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).
O governador destacou a importância do encontro inter-religioso na construção de um ambiente de paz e ouviu considerações dos líderes religiosos. Durante a reunião, foram discutidas ações para fortalecer a ronda Omnira, a única ronda específica para intolerância religiosa no país, segundo Rodrigues, que atuará contra crimes dessa natureza.
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O pedido para a criação da delegacia foi feito pelas próprias lideranças religiosas, que entregaram uma carta ao governador na última sexta-feira (19). Eles baseiam a solicitação na Lei Federal Caó, nº 7716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, com o argumento de que ela não tem sido suficiente para reduzir os índices de violência.
Dados da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais do Governo do Estado da Bahia (Sepromi) mostram que, em 2023, o Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela recebeu 103 denúncias, sendo 73 de racismo e 30 de intolerância religiosa.
A delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, explicou que o local para a delegacia é buscado, com atenção especial à acessibilidade para as comunidades religiosas. A delegacia especializada, conforme o anunciado, contará com uma equipe capacitada, multidisciplinar, incluindo psicólogos e assistentes sociais, e terá um contexto histórico, como o Centro Histórico ou o Rio Vermelho.
O governo criou um grupo de trabalho para discutir e acompanhar o planejamento estadual para as políticas de combate à intolerância religiosa. Lideranças veem na delegacia uma oportunidade de inibir crimes desse gênero, construindo uma cultura de paz e respeito. “A conquista para as comunidades de matriz africana é imensurável”, avalia Iyá Márcia de Ogum, do Ilê Axé Ewá Olodumar, em nota da Sepromi.