No dia 9 de maio, os cinemas recebem o lançamento do filme “Diálogos com Ruth de Souza”, dirigido por Juliana Vicente, conhecida por obras como “Racionais: Das Ruas de São Paulo pro Mundo” e “Cores e Botas”. A escolha da data se dá pelo fato de que: em 8 de maio de 1945, há quase 80 anos, Ruth de Souza estreava no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a peça “Imperador Jones”, de Eugene O’Neill, ao lado do Teatro Experimental do Negro (TEN), marcando a história como o primeiro grupo de artistas negros a se apresentar naquele palco. Além disso, em 12 de maio de 2024, a atriz completaria 103 anos.
“Diálogos com Ruth de Souza” narra a história de uma das maiores figuras da dramaturgia brasileira, combinando conversas gravadas e vastos materiais de arquivo, captados ao longo dos últimos dez anos de vida da atriz. No filme, emergem reflexões e memórias, resultando em um diálogo entre duas gerações de artistas negras: Ruth e Juliana.
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O encontro entre as duas artistas teve início em 2009. “Eu tinha uma ideia preconcebida dela como uma diva, mas quando cheguei, obviamente encontrei uma pessoa, e num momento bem específico da vida, já com algumas limitações impostas pela idade”, comenta a diretora em comunicado para imprensa. Foi uma jornada de uma década até a morte de Ruth, em 2019, aos 98 anos.
O filme também explora o universo mitológico africano, representado pelo encontro com as Yabás, orixás femininas, em uma interpretação ficcional e transcendental da vida de Ruth, desempenhada pelas atrizes Dani Ornellas e Jhenyfer Lauren nas fases adulta e jovem, respectivamente. No elenco, destacam-se também a artista visual Rosana Paulino, a mãe de santo Iya Wanda De Omolu, a cantora, compositora e atriz Lívia Laso, a atriz Mirrice De Castro e a cantora Luísa Dionísio.
Com uma carreira de mais de 70 anos dedicada ao teatro, cinema e televisão, Ruth de Souza é reconhecida pelo seu pioneirismo e é considerada a primeira grande referência para artistas negros na dramaturgia brasileira. Foi a primeira brasileira a concorrer a um prêmio internacional de cinema — em 1954, disputou o prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza por seu trabalho em “Sinhá Moça” — e também foi a primeira atriz negra a protagonizar uma telenovela na TV Globo, em “A Cabana do Pai Tomás” (1969).