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Alertas de garimpo em território Yanomami tem queda de 73% no 1º quadrimestre

Apesar do recuo apresentado pela Casa de Governo de Boa Vista, liderança indígena informa que os garimpeiros seguem no território
Vista aérea de área desmatada pelo garimpo em território Yanomami, em Roraima.

Foto: Alan Chaves / AFP

16 de junho de 2024

Segundo informações do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), os primeiros quatro meses de 2024 apresentaram uma redução de 73% nos alertas de garimpo na Terra Indígena Yanomami. Os dados foram divulgados pela Casa de Governo de Boa Vista, responsável pela coordenação das recentes operações federais na Terra Yanomami.

Contabilizando os meses de janeiro, fevereiro, março e abril de 2023, o órgão registrou cerca de 378 ocorrências. Já no mesmo período deste ano, foram 102 alertas. O mês com menor incidência de ocorrências em 2024 foi abril, com um total de 17 notificações.

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O diretor da Casa de Governo, Nilton Tubino, os dados demonstram a retomada do território indígena. “Com as operações diárias de segurança, estamos inviabilizando a presença dos garimpeiros e, consequentemente, novas áreas de garimpo na TIY”, afirmou Tubino em nota à imprensa.

A detecção das áreas de garimpo do CENSIPAM é realizada por meio de um sistema específico, que se baseia em imagens de satélite voltadas para detecção, coleta, identificação e armazenamento de características de áreas afetadas pelas extrações ilegais.

Mesmo com a redução, a presença de garimpeiros segue preocupando os indígenas da região. Um sistema de alertas implementado recentemente pela Hutukara Associação Yanomami (HAY) e o Instituto Socioambiental (ISA), informou que 70% das notificações são relacionadas a atividades de não indígenas na TI, incluindo invasão e ameaças.

De acordo com o ISA, sete em cada dez notificações do novo sistema tem relação com atividades de garimpeiros no território. Na nova plataforma, as denúncias são registradas pela própria comunidade, por meio de um aplicativo celular. 

Diferente do monitoramento do governo, o aplicativo dos Yanomamis disponibiliza formulários, onde podem ser anexados vídeos, fotos, áudios e coordenadas geográficas para construção das notificações. Após passar por análise e validação, o alerta é colocado em um painel para que autoridades e instituições parceiras possam ter ciência das ameaças.

Na segunda-feira (10), o líder indígena e vice-presidente da HAY, Dário Kopenawa, alertou que a presença dos garimpeiros segue ameaçando a comunidade. 

“Ainda estamos sofrendo, os garimpeiros continuam em nossas terras e continuam passando com seus aviões na cabeça do nosso povo, incomodando o nascimento das nossas crianças com o barulho de motores.  Mas com o sistema de alertas temos a oportunidade de comunicar às autoridades sobre o que acontece dentro do território”, declarou Kopenawa em seu discurso.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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