O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) denunciou diferentes ataques às comunidades indígenas Kaingang, Avá-Guarani e Kaiowá no último fim de semana. Os episódios de violência ocorreram no Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.
De acordo com a organização, homens armados atearam fogo em um veículo da comunidade Kaingang da Retomada Fág Nor, em Passo Fundo (RS), na madrugada de domingo (14). Na semana anterior ao crime, disparos foram feitos contra os barracos do acampamento indígena, que busca a retomada de seu território originário.
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No mesmo dia, um indígena foi vítima de tiros na comunidade Guarani-Kaiowá do Território Indígena (TI) Panambi, em Douradina (MS). Assim como no estado gaúcho, o caso ocorreu após a retomada de parte do território. Em nota, a Aty Guasu, organização indígena composta por mulheres das duas etnias, explica que os agressores ameaçam realizar um massacre.
“Estamos pedindo, urgentemente, socorro. Lembramos que em 2015 estes mesmos grupos de fazendeiros já atacaram a comunidade de Guyrakamby’i e que só não cometeram uma chacina porque o Ministério Público Federal (MPF) impediu. Solicitamos urgente ajuda e que o Estado garanta nossa segurança, pois estamos em nosso território ancestral”, diz trecho do comunicado.
Ainda segundo a nota, a terra indígena foi delimitada, mas nunca entregue à comunidade, que tem buscado reocupar a região. “Queremos nossa terra e seguiremos em marcha em busca do direito à demarcação de nosso território que nos é garantido pela Constituição Federal”.
No Paraná, os ataques foram contra os indígenas Avá Guarani, residentes do território Guasu Guavirá, localizado entre os municípios de Guaíra e Terra Roxa. No sábado (13), pessoas armadas ameaçaram moradores da comunidade e perseguiram indigenistas, além de terem queimado os barracos e todos os alimentos ali presentes.
O Cimi demonstrou preocupação com a influência da Lei do Marco Temporal na escalada dos ataques. “Sentindo-se legitimados pela vigência de uma lei inconstitucional, os ruralistas têm atacado aos olhos de todos, à luz do dia ou na calada da noite, em qualquer tempo, sempre com certeza de impunidade”, declarou a organização.
Diante da similaridade das ocorrências, o Conselho Indigenista também acredita que os episódios de violência possuem conexão entre si e buscam “reprimir os povos e afrontar seus direitos”.