A advogada Cristiane Linhares foi alvo de ofensas racistas enquanto auxiliava uma cliente na região do Sacomã, zona sul de São Paulo. Apesar de a vítima registrar queixa, a agressora não prestou depoimento e saiu livremente da delegacia.
O caso ocorreu na última quinta-feira (1) quando Cristiane se dirigiu ao local para aguardar a chegada da Polícia Militar, que havia sido acionada pela cliente da advogada por outro motivo.
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Em entrevista à Alma Preta, Cristiane conta que estava na rua falando com o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) quando a mulher a viu e a xingou. “Nunca a vi, nunca falei com ela”, explicou a advogada, que filmou o crime com o celular e tentou mostrar aos policiais militares que estavam no local, mas se recusaram a assistir.
Nas redes sociais, Cristiane compartilhou o momento da agressão e denunciou o caso. “Se eu que sou uma advogada há tantos anos, passei por isso, e quem não é? O que nós negros não passamos?”, diz trecho da publicação.
No vídeo, é possível ver uma mulher apontando na direção da advogada e dizendo: “Você é da mesma laia dessa galera. […] Até a macaca está lá”.
Ainda durante o fato, Cristiane exigiu que todos fossem conduzidos ao 96º Distrito Policial, no bairro Itaim Bibi, para que fossem tomadas as devidas providências, porém a mulher foi liberada antes mesmo de prestar depoimento.
“Na hora de lavrar o boletim de ocorrência de flagrante do crime de injúria racial, ela já tinha ido embora da delegacia”, detalha.
Pela ausência da agressora, o crime foi registrado apenas em Boletim de Ocorrência, sem o flagrante. A advogada informou que vai buscar os órgãos competentes para denunciar a prevaricação dos policiais e solicitar a apuração de todos os envolvidos no ocorrido.
“Em um fato desses, eles têm que zelar por nós. Não da maneira que foi conduzido. Como que dentro de uma delegacia a mulher vai embora e ninguém viu?”, questiona.
A reportagem questionou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) sobre a atuação dos policiais e a ausência de flagrante no crime. Até a publicação deste texto não houve resposta. O espaço segue aberto.