A produtora Rondon Filmes anunciou um novo projeto audiovisual sobre a história de Tereza de Benguela, líder quilombola que representa um símbolo na luta contra o racismo e o patriarcado do século 18.
Durante o século XVIII, Tereza liderou o Quilombo do Quariterê, que abrigava mais de 100 pessoas, localizado onde hoje é o estado do Mato Grosso, por cerca de duas décadas. O filme foi concebido para ser realizado em Vila Bela da Santíssima Trindade e nas regiões adjacentes, no estado.
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As filmagens estão previstas para iniciar em 25 de julho de 2025, quando se completarão 255 anos da morte de Tereza de Benguela. O foco é revelar ao público os eventos que moldaram a jornada de Tereza, desde a época da escravidão até o ápice de sua liderança no quilombo.
O projeto pretende resgatar a terra de Tereza, que ficou relegada ao esquecimento e sofreu muitos danos. Além disso, a equipe de produção é composta por um grupo de mulheres negras em posições de liderança.
Entre elas, está Silviane Ramos, pesquisadora, produtora cultural afro e consultora em história e letramento racial, e descendente da própria Tereza de Benguela. Em entrevista à Alma Preta, ela expressou a importância de registrar outras facetas da história que não foram contadas e muitas vezes silenciadas.
“O filme é fundamental para fazer a reconstrução da história a partir da perspectiva dos relatos dos vencidos. Apresentando uma versão contada e vivenciada pela própria comunidade, além da expectativa de criar emprego, renda e movimentar o mercado audiovisual na região”, afirmou.
A produtora cultural também destacou que o setor audiovisual possui um grande potencial, tanto no que diz respeito à sustentabilidade e ao meio ambiente como no apoio às comunidades tradicionais.
“A potência que a cultura da terra vilabelense e contar a história da Tereza, sem dúvida alguma, é fazer o resguardo da história. E eu como guardiã que me sinto e sou do legado da Tereza, que sempre foi pelo coletivo, que liderou um quilombo por mais de 20 anos e tinha inúmeras pessoas com suas diversidades e conviviam em uma perspectiva horizontalizada”, contou.
“Tereza, em pleno século XVIII, mostrou estar à frente do seu tempo, inovadora e cheia de perspectiva transformadoras para viver o que chamamos de bem viver e afro futuro. Então esse filme é de suma importância para registrar outras facetas da história que não foram contadas, não faladas e muitas vezes silenciadas”, ressaltou Silviane.
A direção é liderada por Eva Pereira, roteirista e produtora com mais de 20 anos de experiência, amplamente reconhecida como uma das principais cineastas da região Norte. Sua atuação em obras prestigiadas no cinema e na produção audiovisual brasileira a destaca no mercado.
O produtor e idealizador, Thiago Brianti, também compartilhou sua experiência com a Alma Preta. “Além do meu trabalho como ator, já era um sonho antigo voltar para o Mato Grosso e trazer histórias mato-grossense a nível nacional e internacional”, celebrou.
“A história de Tereza de Benguela apareceu como uma epifania, e achamos valido viabilizar de todas as formas possíveis, mobilizando todos os meios que estão ao nosso alcance, para realizar o filme, que é a história mais antiga do oste e do Mato Grosso, e talvez a mais urgente para ser contada. O meu trabalho é juntar todas as pontas e formar a equipe perfeita para contar essa história”, afirmou.