Moradores da Favela do Moinho e do bairro de Campos Elíseos, na região central de São Paulo, realizaram um protesto nesta quinta-feira (22) contra um projeto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que prevê a remoção de famílias para a construção de um novo polo administrativo no local. O projeto, uma promessa de campanha de Tarcísio, inclui a transferência da sede do governo estadual, atualmente no Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, para o centro da capital.
A proposta envolve a reforma do Palácio dos Campos Elíseos, onde hoje funciona o Museu das Favelas, para abrigar o gabinete do governador. A medida inclui a desapropriação de cinco quadras ao redor, o que, segundo a gestão, revitalizaria a área. No entanto, os moradores afirmam que essa ação ameaça diretamente suas moradias e denunciaram uma intensificação das incursões policiais na comunidade, especialmente após a megaoperação Salus et Dignitas, realizada no início de agosto.
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Durante a operação, 44 imóveis foram interditados e várias pessoas despejadas. Segundo o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), a operação visava combater a “criminalidade organizada” na região central, supostamente controlada pelo PCC. O MPSP também afirmou que equipamentos de comunicação clandestinos, capazes de captar sinais das rádios da polícia, estariam localizados na favela.
Embora a Favela do Moinho não esteja diretamente incluída nas áreas a serem desapropriadas, moradores relatam um aumento nas pressões e ameaças por parte das forças de segurança desde que o projeto foi anunciado em março deste ano.
A proposta de despejo dos moradores do centro para a implementação da nova sede administrativa do governo conta com o apoio do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que em julho doou ao governo do estado os terrenos onde estão localizados o Parque Princesa Isabel, o terminal de ônibus Princesa Isabel e o Largo Coração de Jesus, áreas que fazem parte da iniciativa da parceria público-privada (PPP) para a construção do novo polo administrativo.
Texto com informações da Ponte Jornalismo.