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Justiça da Paraíba aceita denúncia contra 3 servidoras por racismo religioso

Servidoras são acusadas de discriminação contra mulher de religião de matriz africana no Fórum Cível da Capital entre 2015 e 2018
Prédio do Tribunal de Justiça da Paraíba. Três servidoras do órgão se tornaram réus após serem acusadas de praticar racismo religioso contra uma mãe de santo em João Pessoa.

Foto: Reprodução/TJPB

27 de agosto de 2024

O juiz José Guedes Cavalcanti Neto, da 4ª Vara Criminal da Capital, aceitou a denúncia contra três servidoras do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) acusadas de racismo religioso. As servidoras identificadas como Ana Valquíria Perouse Pontes, Suênia Costa Cavalcanti e Rosângela de França Teófilo Guimarães são acusadas de discriminar uma mulher de religião de matriz africana nas dependências do poder judiciário em João Pessoa, entre 2015 e 2018.

A vítima, mãe de santo e praticante do Candomblé, entrou com uma ação de regulamentação das visitas de seus filhos para seu ex-marido na 2ª Vara de Família de Mangabeira. Durante o processo, foi determinada a avaliação pelo Setor Psicossocial do Fórum Cível da Capital. Segundo relatos, as servidoras proferiram comentários pejorativos e discriminatórios, referindo-se à mulher como “macumbeira” e insinuando que ela perderia a guarda dos filhos se não abandonasse sua religião.

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Além dos insultos verbais, a vítima relatou ter sido impedida de entrar no Fórum por estar vestida com trajes tradicionais do Candomblé. Ela também sofreu discriminação quando foi barrada por usar vestido branco e cabeça raspada, parte da indumentária religiosa. A mulher afirmou que a hostilidade fez com que ela começasse a mentir sobre suas práticas religiosas para evitar novos conflitos.

Diante das denúncias, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) encaminhou cópias dos autos ao TJPB, solicitando medidas disciplinares contra as servidoras e a realização de capacitações sobre intolerância religiosa e letramento racial para os servidores do órgão. A presidência do tribunal informou ter promovido uma capacitação sobre o tema em julho. A Promotoria aguarda informações sobre as ações disciplinares adotadas pela Corregedoria do tribunal.


O caso é acompanhado pela Delegacia de Repressão aos Crimes Homofóbicos, Racismo e Intolerância Religiosa e é objeto de inquérito civil instaurado pela promotora de Justiça Fabiana Lobo.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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