Um estudo da Global Financial Integrity (GFI), entidade dedicada a questões de corrupção, comércio ilegal e lavagem de dinheiro, estimou que o tráfico de pessoas para a remoção de órgãos gera entre 840 milhões e 1,7 bilhão de dólares anualmente. O relatório destaca que, na África, essa prática violenta alcançou proporções epidêmicas, muitas vezes ignoradas pela sociedade.
A doação e o transplante de órgãos são procedimentos médicos reconhecidos e essenciais para pacientes com falência de órgãos, sendo geralmente bem-sucedidos quando realizados com consentimento adequado e transparência.
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Entretanto, há preocupações de que o transplante de órgãos seja frequentemente impulsionado pela pobreza em África, em vez de um desejo genuíno de salvar vidas, conforme aponta o advogado de direitos humanos Frank Tietie ao Jornal DW.
“Indivíduos estão vendendo seus órgãos a médicos desonestos, que podem prejudicar a saúde de seus pacientes sem que eles tenham conhecimento”, afirma o jurista.
Apesar da falta de informações claras sobre o tráfico ilegal de órgãos, acredita-se que países como Egito, Líbia, África do Sul, Quênia e Nigéria sejam os mais afetados.
O relatório da Global Financial Integrity destaca ainda que a perspectiva de ganhos financeiros com órgãos humanos na África é o estopim para as chamadas “fábricas de bebês”, especialmente na Nigéria. Essas crianças são alvos de traficantes de órgãos.
As razões para essa situação são complexas e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) levantou preocupações sobre o tráfico de pessoas para remoção de órgãos, conhecido como turismo de transplante, em que órgãos de populações vulneráveis são transferidos para receptores mais abastados.
Segundo o Observatório Global sobre Doação e Transplante de Órgãos, menos de 10% dos transplantes necessários são realizados globalmente, o que leva alguns pacientes a buscarem órgãos de forma ilegal.
Além disso, a quantidade de centros médicos que realizam transplantes legais na África é bastante limitada, de acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade identificou apenas 35 centros de transplante de rins no continente.