Na manhã da segunda-feira (23), um adolescente Guarani-Kaiowá foi encontrado morto na Terra Indígena (T.I) Nhanderu Marangatu, localizada no município de Antônio João, no Mato Grosso do Sul. Este é o segundo caso na região em apenas cinco dias.
Segundo a denúncia do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Fred Souza Garcete, de 15 anos, estava na aldeia Bananal e retornaria para sua casa de moto durante a madrugada, na aldeia Campestre.
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O local fica próximo à retomada “Piquiri”, uma das dez áreas que compreendem a terra indígena TI e estão sendo reivindicadas pelos indígenas. O jovem foi localizado por membros da comunidade, sem vida, às margens da rodovia MS-384.
Em nota, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) indica que o óbito pode ter sido ocasionado por um acidente de trânsito, mas informa que aguardará a conclusão da perícia do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) para confirmar oficialmente a causa.
“A Fundação prestou solidariedade à família de Fred e ao povo Guarani Kaiowá pela perda prematura do jovem, repudiando qualquer forma de violência contra os povos indígenas. Além disso, a Funai destacou que continuará empenhada na investigação de qualquer incidente que envolva a segurança dessas comunidades, reiterando sua missão de garantir que os direitos dos povos indígenas sejam plenamente respeitados”, diz trecho do comunicado.
No entanto, os indígenas da comunidade questionam a possibilidade de acidente, uma vez que a moto não estaria no local onde o adolescente foi encontrado. De acordo os com os relatos, o local também não apresentava indícios de colisão.
“Diante do contexto que estamos enfrentando, a gente suspeita que ele foi assassinado a mando de fazendeiros da região”, informou um membro da TI ao CIMI.
Segunda morte em cinco dias
Na última quarta-feira (18), outro membro Guarani-Kaiowá da TI Nhanderu Marangu foi morto. O jovem Neri Ramos da Silva, de 23 anos, foi alvejado na cabeça durante uma ação policial no território. Barracos foram destruídos e outras duas pessoas foram feridas na ocasião.
O óbito ocorreu na propriedade rural “Fazenda Barra”, sobreposta à TI. A região tem sido revindicada pelos indígenas desde o dia 16 de setembro, data que ocorreu a primeira ofensiva truculenta da polícia contra a comunidade.