O Censo Demográfico de 2022 revelou que 84,9% (1 milhão) das 1,2 milhão de pessoas indígenas com 15 anos ou mais são capazes de ler e escrever um bilhete simples no idioma que conhecem, sendo assim consideradas alfabetizadas. Embora esse número represente um avanço em relação a 2010, quando a taxa era de 76,6%, a alfabetização entre os indígenas ainda permanece abaixo da média nacional, que alcançou 93,00% para esse grupo etário.
As informações são provenientes do estudo “Censo Demográfico 2022 Indígenas: alfabetização, registros de nascimentos e características dos domicílios, segundo recortes territoriais específicos”, divulgado nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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A taxa de analfabetismo entre os indígenas, que era de 23,4% em 2010, caiu para 15,0% em 2022. No entanto, esse percentual é mais do que o dobro da taxa nacional, que passou de 9,6% para 7%. “A queda é ainda mais significativa, e ainda maior, dentro das Terras Indígenas (TIs)”, destaca Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais. Nas TIs, a taxa de analfabetismo caiu de 32,3% para 20,8%, uma redução que supera a média nacional e a média geral de indígenas.
Ao analisar o analfabetismo entre os indígenas por faixa etária, observa-se uma tendência semelhante à da população nacional, embora com um aumento mais acentuado nas taxas conforme a idade avança. “Contudo, nos indígenas, esse aumento é mais acentuado”, reforça Marta em comunicado.
Até os 34 anos, a diferença entre as taxas de alfabetização da população nacional e a indígena é inferior a 5,2 pontos percentuais, mas essa diferença salta para 22,6 pontos percentuais no grupo de 65 anos ou mais.
“Isso demonstra maior acesso a oportunidades educacionais para as gerações mais novas em comparação às mais velhas, entre as pessoas indígenas, devido à expansão do acesso à educação nas últimas décadas”, conclui a pesquisadora.
Além disso, o levantamento mostrou que, entre os 4.725 municípios onde há pessoas indígenas com 15 anos ou mais, 54,8% (2.593) apresentam taxas de alfabetização inferiores entre os indígenas do que entre a população residente nesse mesmo grupo etário. Cerca de 25% do total de municípios (999), a diferença ultrapassa 10 pontos percentuais.
As maiores concentrações de municípios com taxas de alfabetização inferiores entre indígenas foram registradas em Minas Gerais (316 municípios), São Paulo (295) e Bahia (269). No Amazonas, 58 dos 62 municípios apresentaram taxas de alfabetização menores para os indígenas.
Por outro lado, as maiores concentrações de municípios com taxas de alfabetização superiores entre os indígenas, em comparação à população residente total, foram em Minas Gerais (368 municípios), São Paulo (265) e Rio Grande do Sul (176).