Nesta quinta-feira (24), o antropólogo e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Dagoberto José Fonseca foi empossado como membro correspondente da Academia Angolana de Letras (AAL). Fonseca é o primeiro docente da Unesp a receber essa honraria, que reconhece sua longa trajetória de pesquisas e cooperação com Angola, iniciada há mais de duas décadas.
A nomeação de Fonseca, que já foi coordenador do Núcleo Negro da Unesp para Pesquisa e Extensão (Nupe), reflete a relevância de suas pesquisas sobre Angola, iniciadas em 2002, quando a Universidade Agostinho Neto, a maior instituição de ensino superior do país africano, procurou a Unesp em busca de apoio para a reconstrução de Angola no pós-guerra. “Tenho uma história de 20 anos de trabalho e de estudos, e acredito que produzi benefícios para a sociedade angolana”, diz o professor em entrevista à Alma Preta.
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Com a indicação para a Academia Angolana de Letras, Fonseca se junta a grandes nomes da intelectualidade angolana, como David Capelenguela e Amélia da Lomba, além de outros acadêmicos brasileiros, como a economista Sônia Jorge. Para Fonseca, o reconhecimento vai além de sua trajetória individual. “É um coroamento de um trabalho que temos feito, mas também a manutenção desse esforço para pensar o conjunto de relações que envolvem Brasil e Angola”, afirma.
A atuação de Fonseca em prol de Angola é marcada por uma série de colaborações acadêmicas que visam fortalecer os laços entre os dois países. Em 2002, a Unesp firmou um convênio com a Vunesp e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), facilitando a formação de estudantes angolanos. Fonseca também realizou seu pós-doutorado no país, onde aprofundou seus estudos sobre os desafios da paz e da reconstrução após a guerra civil, que se estendeu por 27 anos.
A posse na Academia Angolana de Letras é, para Fonseca, um compromisso não apenas pessoal, mas também institucional. “Entendo que há um comprometimento da Unesp. Todas as relações que construímos com Angola se deram também a partir da minha relação com a universidade”, explica o professor.
Fonseca destaca ainda a profunda conexão cultural entre Brasil e Angola, mencionando como as raízes angolanas estão entrelaçadas à formação do Brasil. “Angola é muito Brasil e Brasil é muito Angola. A presença angolana aqui é tão marcante que só pode ser comparada à dos povos indígenas, os nativos da terra”, reflete.
O professor reconhece o papel estratégico da academia no cenário político e cultural angolano. “Acredito que isso vai me colocar de uma maneira mais comprometida com a sociedade angolana, com a história de Angola, com o próprio Estado angolano”, conclui.