Uma ativista indígena da etnia Paiter Suruí foi detida por seguranças da Organização das Nações Unidas (ONU) ao tentar realizar um protesto durante a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP 16), realizada na cidade colombiana de Cali, na última quarta-feira (30).
De acordo com a denúncia, divulgada pelo canal de comunicação Mídia Guarani Mbya, Txai Suruí possuía todo o credenciamento necessário para participar das atividades. No final da tarde, já na área controlada do evento, a indígena iniciou uma manifestação com cartazes contra o avanço da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 48.
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O projeto em questão busca instituir o Marco Temporal das terras indígenas, tese jurídica que reconhece apenas os direitos territoriais indígenas às terras ocupadas a partir de 1988. Anteriormente, a proposta foi classificada como um ataque às comunidades originárias por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e pela própria ONU.
Na COP16, a ativista e seu grupo teriam sido cercados por seguranças da ONU, que lhe arrancaram as credenciais de acesso e impediram a manifestação pacífica. Txai Suruí ainda denunciou ter sido agredida no braço durante a abordagem.
Os ativistas brasileiros alegam ter pedido uma autorização às Nações Unidas para possibilitar o ato, mas a entidade não respondeu a tempo. A organização mantém uma restrição para manifestações políticas em seus encontros.
Diante da falta de resposta, o grupo decidiu manter a manifestação de modo mais contido, limitado a discursos e cartazes no local de circulação dos integrantes e ministros da COP.
O caso precisou de intermediação diplomática de representantes do governo brasileiro que estavam presentes no evento, com integrantes dos ministérios dos Povos Indígenas (MPI) e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Com o auxílio das autoridades brasileiras, a manifestante foi levada para uma área de atendimento médico, sendo liberada depois. Marina Silva, chefe do MMA, acompanhou o processo.
Em entrevista concedida para o UOL, a indígena informou que, ao ser abordada, uma segurança reclamou da tinta que estava em suas mãos. A tinta, que simbolizava o sangue indígena, teria sujado a funcionária. “E ela falou: você me sujou. Aí torceu meu braço. Foi quando comecei a gritar por socorro. Fiquei assustada, não esperava”, declarou à reportagem.
Com informações do ECOA Uol*