Baku – Empresas condenadas por crimes ambientais, como Vale e Hydro-Alunorte, participam da programação oficial do pavilhão dos governadores da Amazônia durante a Conferência do Clima (COP29), que ocorre em Baku, Azerbaijão, entre os dias 11 e 22 de novembro.
A Vale participa, no dia 12 de novembro, terça-feira, do debate “Potencial Brasileiro para Soluções Baseadas na Natureza” e no dia 16 de novembro, sábado, do encontro “Amazônia Múltipla: Pobreza Multidimensional”. A Hydro compõe, dia 15 de novembro, sexta-feira, o painel “Uma agenda integrada para a Amazônia brasileira: impulsionando um futuro sustentável”.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Responsabilizada pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019, a Vale foi condenada a reparar os danos da tragédia, que resultou na morte de pelo menos 272 trabalhadores. A Vale ainda foi condenada na primeira instância a pagar indenização por danos morais para a família dos 131 trabalhadores mortos por conta da tragédia. Segundo a Repórter Brasil, a justiça cortou em 80% o valor da indenização dos atingidos na segunda instância.
A Hydro-Alunorte foi condenada a pagar R$ 100 milhões por desastre ambiental no Pará. A decisão é resultado de um fato de 2009, quando a empresa do setor de alumínio contaminou áreas da região de Barcarena, no Pará. A empresa sinalizou que vai recorrer da decisão.
Para além de participarem da programação, a Hydro e a Vale são apoiadoras do pavilhão dos governadores da Amazônia.
Em nota, a assessoria do pavilhão dos governadores da Amazônia sinalizou que “o Consórcio da Amazônia Legal está olhando para a transição e isso representa transformação a partir de um certo ponto. Não haverá transição verde, nem transformação da economia para um modelo sustentável sem mineração. Caso contrário, não haveria satélites, internet, energia eólica, placas solares, entre outros. O objetivo do Consórcio da Amazônia Legal não é transformar o passado, mas, para dentro de uma discussão sadia e madura, construir o futuro”.
Confira na íntegra a nota da Vale:
Brumadinho, que a Vale jamais esquecerá, levou a empresa a uma profunda transformação cultural. A companhia está evoluindo, priorizando pessoas e trabalhando fortemente na segurança das operações com a eliminação de barragens a montante como garantia de não-repetição.
A mineração está no dia a dia das pessoas e é essencial para a descarbonização e transição energética do mundo. Temos participado historicamente da COP Climática porque entendemos que avançar para os objetivos de 2030 de forma assertiva é um esforço coletivo que exige uma articulação consistente e imperativa. Por meio da experiência adquirida, ao longo dos quase 40 anos que estamos presentes na Amazônia, entendemos que as COPs são momentos-chave para demonstrarmos como temos avançado.
A empresa tem um compromisso de longo prazo com o bioma amazônico. Contribuímos com a conservação de 800 mil hectares onde cerca de 3% são utilizados para operação de mineração. Em uma visão de legado para o território, além de tudo que tem investido em ações socioambientais voluntárias – só nos últimos quatro anos foram R$ 1,7 bi para a região com recursos próprios – a empresa mantém ativos importantes como o Instituto Tecnológico Vale – ITV, o Fundo Vale, Instituto Cultural Vale e Fundação Vale.
A empresa entende que é necessário se unir a outros atores na Amazônia para impulsionar agendas estruturantes como recuperação de áreas, desenvolvimento da bioeconomia, pobreza extrema, regularização fundiária e conectividade.
Nosso compromisso é praticar uma mineração sustentável que prioriza a proteção ambiental, o bem-estar das comunidades e o desenvolvimento econômico. Reconhecemos que a mineração, apesar de essencial para a sociedade, impacta o meio ambiente e as comunidades próximas. Por isso, buscamos minimizar esses impactos com iniciativas de mineração circular e por meio de um centro de monitoramento ambiental, que analisa continuamente os indicadores de impacto para mitigar danos.
Confira a nota da Hydro:
A Hydro tem por compromisso a participação ativa nas discussões sobre os desafios do clima, sustentabilidade e transição energética para um futuro mais sustentável. O apoio ao pavilhão do Consórcio Interestadual da Amazônia Brasileira na COP29 é parte das ações de cooperação da companhia com a sociedade civil, governos e entidades.
A empresa acredita que a COP29 representa um espaço essencial para debater soluções integradas e realistas para a Amazônia e o Brasil, reconhecendo os desafios da região e promovendo práticas que conciliem desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Neste contexto, a Hydro entende que o alumínio é um material essencial para a transição verde e para impulsionar a descarbonização na indústria, reforçando seu compromisso com uma economia de baixo carbono e o alcance de metas globais.
A empresa nega que o evento de chuvas de 2009 tenha resultado na contaminação do rio Pará. Durante o processo, a Alunorte forneceu provas técnicas à Justiça demonstrando que não houve danos causados ao rio Pará pelo evento de chuva e confia na apreciação positiva do seu recurso.
As atividades da Alunorte na região de Barcarena são devidamente licenciadas e as operações na fábrica são regularmente fiscalizadas pelas autoridades competentes.
A Hydro e a Alunorte investem continuamente em melhorias tecnológicas e operacionais em todo o processo produtivo, cumprindo rígidos controles ambientais e legislações vigentes e aplicáveis.
As empresas estão comprometidas em ser boas vizinhas, investindo continuamente em iniciativas sociais, visando o desenvolvimento sustentável das comunidades de Barcarena e de outras cidades do Pará onde a Hydro tem atividades.