O Relatório de Tendências de Empregabilidade para 2025 da Gupy, que lança luz sobre a realidade das contratações e ascensão profissional de pessoas negras no Brasil, apontou que a representatividade de pessoas negras no mercado de trabalho está estagnada em 13%. Os dados analisados tem como base os dados de contratações feitas por empresas que usam a plataforma de Recrutamento & Seleção, considerando o período entre 2021 e 2024.
Segundo a plataforma, “não houve qualquer crescimento significativo ao longo desses anos”. Em contraste, pessoas brancas continuam a dominar as contratações, representando entre 45% e 47% do total. Guilherme Dias, cofundador da Gupy, ressalta que apesar dos esforços de muitas empresas para promover a diversidade racial, “o crescimento tímido nas contratações de pessoas pretas reflete um desafio estrutural que ainda precisa ser superado”.
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O grupo de pessoas pardas, por outro lado, tem mostrado um crescimento anual de 1%, sinalizando um pequeno avanço, embora ainda distante de uma representatividade proporcional à população brasileira.
No Brasil, onde a população negra representa 55,7% dos indivíduos em idade ativa, a exclusão histórica reflete-se em desigualdades gritantes. Conforme dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), trabalhadores negros recebem, em média, 32,9% menos que seus colegas não negros, mesmo em funções semelhantes e com níveis equivalentes de qualificação. Além disso, a taxa de desemprego entre pessoas negras é alarmante, com elas compondo 65,1% da população desocupada, segundo o Estadão Summits.
Contratação de pardos predomina no Norte e Nordeste
O estudo revela que a diversidade racial nas contratações no Brasil varia significativamente de acordo com a região. Nas regiões Norte e Nordeste, a contratação de pessoas pardas é predominante, representando 50% e 46%, respectivamente. No entanto, a representatividade de pessoas pretas nas contratações permanece baixa em todas as regiões, variando entre 6% e 15%. Já a participação de pessoas indígenas é ainda menor, oscilando entre 2% e 3% em todo o país.
Os dados mostram que, enquanto as regiões Norte e Nordeste têm se destacado pela inclusão racial, outras regiões ainda enfrentam desafios significativos. O Norte e Nordeste são, atualmente, as regiões mais inclusivas do país em termos de contratações de pessoas pardas, indicando um cenário mais diverso no mercado de trabalho local.
Por outro lado, as regiões Sul e Sudeste ainda precisam avançar consideravelmente. Essas áreas, que concentram uma grande parte das oportunidades de emprego no Brasil, apresentam um nível de inclusão racial inferior, especialmente em comparação com o Norte e Nordeste.
Quais setores mais contratam pessoas pretas e pardas?
O setor de Serviços se destaca pela maior diversidade racial em comparação com outros segmentos, contando com 36% de trabalhadores pardos e 14% de pretos. Em contraste, o Comércio — um setor dinâmico e focado no atendimento ao público — ainda precisa aumentar sua representatividade. A inclusão racial é essencial não apenas para refletir a demografia do país, mas também para que empresas possam se conectar de forma mais eficaz com um público consumidor diverso.
No entanto, a presença indígena permanece quase inexistente no mercado formal, com apenas 1% de participação nos setores de Indústria e Comércio, e nenhuma representatividade em outros segmentos. Isso é alarmante, especialmente considerando que a população indígena no Brasil ultrapassa 1,6 milhão de pessoas, segundo o Censo de 2022. Esses dados ressaltam a urgência de ações voltadas para a inclusão dessas comunidades.
Segundo o Relatório de Empregabilidade da Gupy, há uma expectativa de crescimento nas contratações de grupos sub-representados, especialmente se as empresas continuarem comprometidas com metas claras de inclusão. “Estamos vendo um movimento crescente de corporações que estão adotando ferramentas tecnológicas para promover um recrutamento mais justo e inclusivo, o que é um bom presságio para o futuro,” conclui Dias.