No primeiro semestre de 2024, o Brasil somou mais de 1 mil casos de conflitos agrários. Os dados parciais são do novo relatório “Massacre no Campo”, divulgado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) nesta segunda-feira (2).
O levantamento utilizou episódios registrados pelo Centro de Documentação Dom Tomás nos seis primeiros meses deste ano. Entre os 1.056 casos, cerca de 872 eram ocorrências relacionada ao conflitos pela terra e 125 foram ocasionadas por disputas por água. O levantamento também identificou 57 registros de trabalho em condições análogas à escravidão.
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Neste ano, as principais vítimas da violência no campo foram os posseiros, famílias moradoras de comunidades tradicionais sem a titulação definitiva da terra, somando 235 casos. Os indígenas (220) e os quilombolas (116) se destacam como os outros dois grupos mais afetados.
Os casos de conflito por terra obtiveram uma pequena redução em relação ao ano de 2023, que contou com 938 casos. Apesar da queda, o documento indica um aumento na violência empregada nas disputas territoriais.
Do total de disputas por território (872), cerca de 94% foram casos de violência contra ocupação e posse. Ocupações, retomadas e acampamentos, conhecidos como ações de resistência, somaram apenas 5%.
Mesmo com redução de formas de violência como grilagem, invasão e omissão, as ocorrências de ameaça de expulsão saltaram de 44, em 2023, para 77. A pistolagem, termo comum para a atividade encomendada de pistoleiros, também apresentou uma queda significativa, de 150 casos para 88. No entanto, a marca é o segundo maior registro da última década.
O documento destaca a violência decorrente de contaminação por agrotóxicos, classificada como “alarmante“. Inserida nas categorias de conflitos pela terra, pela água e violência contra a pessoa, a modalidade obteve um salto de mais de 800% em relação a 2023 (de 19 para 182). A maior parte das ocorrências foram contabilizadas no estado do Maranhão, onde comunidades indígenas são impactadas com a pulverização aérea do veneno.
Segundo a CPT, os fazendeiros foram os causadores da maioria dos episódios de violência agrária, liderando 339 conflitos. Em seguida, os empresários (137), o governo federal (88), estaduais (44) e grileiros (33).