Aberta para visitação até março de 2025, a exposição “Patrimônios Negros” foi inaugurada no Museu do Samba, no Rio de Janeiro, com um acervo de 170 depoimentos inéditos, concedidos por grandes sambistas e registrados em vídeo entre 2009 e 2024.
Partindo dos relatos biográficos, a mostra revela bastidores e curiosidades dos desfiles, das rodas de samba e da vida social dos sambistas, por meio de vídeos, fotografias, fantasias, manuscritos de sambas e objetos pessoais dos artistas.
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Um dos itens expostos na exposição “Patrimônios Negros” – até então inédito para o grande público – é o documento original do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que concedeu ao samba do Rio de Janeiro o título de Patrimônio Cultural do Brasil.
Desenhos de Alcione, Cartola, Dona Zica e Candeia, produzidos pelo artista plástico Cadumen, dividem as paredes da primeira parte da exposição com minibiografias de sambistas que gravaram depoimentos para o acervo da instituição.
Entre os homenageados estão Noca da Portela, Tantinho da Mangueira, as porta-bandeiras Lucinha Nobre e Vilma Nascimento e o baterista Wilson das Neves. Manuscritos originais dos compositores Nei Lopes, Wanderley Caramba, Zé Luís do Império Serrano e Aluísio Machado também estão na mostra.
“Essa nova exposição tem como protagonistas as mulheres e homens que fazem parte da história do samba carioca, em suas diversas manifestações culturais, da música à gastronomia, da dança às artes plásticas; a partir de suas memórias, histórias e revelações, vamos oferecer uma experiência de imersão na historicidade do gênero e do Carnaval, a partir do olhar do próprio sambista, das vozes que foram e ainda são referências e lideranças reconhecidas em suas escolas, blocos, rodas de partido alto, bairros, barracões e na Marquês de Sapucaí”, explica Nilcemar Nogueira, fundadora e diretora de projetos do Museu do Samba.
Acervo audiovisual de referência no Brasil
Desde 2009, o Museu do Samba mantém o projeto de Memória e Salvaguarda das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro, que já registrou 170 depoimentos em vídeo, todos originais e feitos diretamente a pesquisadores e colaboradores da instituição carioca. Os entrevistados são baianas, baluartes, porta-bandeiras, mestres-salas, passistas, mestres de bateria, ritmistas, carnavalescos, cantores e compositores considerados referências na vida cultural.
Os primeiros entrevistados foram Zeca da Cuíca e o compositor e pintor Wanderley Caramba, ambos da Estácio de Sá, em janeiro de 2009. Depois vieram nomes como Djalma Sabiá, fundador do Salgueiro, e Dodô, lendária porta-bandeira da Portela. De lá pra cá, o acervo soma cerca de 120 horas de gravações com nomes como Wilson das Neves, Monarco, Noca da Portela, Nelson Sargento, Dominguinhos do Estácio, Ito Melodia e Neguinho da Beija-Flor.
Entre as lideranças femininas que gravaram para o acervo do museu estão as cantoras Alcione, Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Tia Surica, assim como as porta-bandeiras Vilma Nascimento, Selminha Sorriso, Lucinha Nobre, Giovanna Justo e Squel Jorgea, e, também, as baianas Tia Glorinha do Salgueiro e Tia Nilda da Mocidade, entre outras.
“O projeto de salvaguarda da memória por meio do audiovisual surgiu após o samba receber do Iphan o título de Patrimônio Cultural do Brasil, como forma de fortalecer o samba carioca e, principalmente, os sambistas que dão vida à maior manifestação cultural do país. Temos um acervo que é uma raridade, pois é o único do Brasil que dá voz a todos os segmentos do samba, valorizando seus saberes e transmitindo seus legados”, afirma Nilcemar Nogueira, que coordenou, em 2007, a elaboração do dossiê que levou à titulação atribuída pelo Iphan ao samba do Rio de Janeiro.
Serviço
Local: Museu do Samba
Endereço: Rua Visconde de Niterói, 1296 – Mangueira
Dia e Horário: de terça a sábado, das 10h às 17h
Ingresso: R$ 20 e R$ 10 (meia entrada) – Grátis para estudantes da rede pública