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‘Chegaram loucos’: PM invade casa e executa jovem negro na Baixada Santista

Em entrevista à Alma Preta, uma testemunha conta que os policiais invadiram uma comunidade de São Vicente atirando para cima, enquanto gritavam o nome de Guilherme Derrite, secretário estadual de segurança pública
A foto mostra Vinícius Fidelis Santos de Brito, morto à tiros dentro da própria casa em São Vicente, na Baixada Santista.

A foto mostra Vinícius Fidelis Santos de Brito, morto a tiros dentro da própria casa em São Vicente, na Baixada Santista.

— Acervo Pessoal

10 de dezembro de 2024

Na madrugada de segunda-feira (9), um jovem negro foi morto por um policial militar durante uma incursão realizada na Favela do Bugre, em São Vicente, na Baixada Santista. Segundo denúncia de moradores, uma outra vítima está ferida no hospital e um homem teria desaparecido após a operação.

Vinícius Fidelis Santos de Brito, de 24 anos, foi executado a tiros dentro da própria casa. O caso foi registrado por residentes da comunidade, que gravaram a ação do PM.

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Em vídeo que circula nas redes sociais, Rosemeire Aparecida Fidelis dos Santos, mãe da vítima, é vista trancada do lado externo de sua residência enquanto suplica para os policiais permitirem sua entrada.

“Pelo amor de deus, deixa eu entrar! Eu sou a mãe dele! Vocês estão matando meu filho, gente, deixa eu entrar!”, grita a mãe enquanto uma sequência de quatro disparos ocorre.

Em um momento, um policial militar deixa o local de onde se originam os disparos. Empunhando um fuzil, o agente manda Rosemeire retornar para a casa do vizinho e entra novamente.

À Alma Preta, uma testemunha relata que foi uma madrugada de tensão na comunidade. Momentos antes da execução, cerca de quatro viaturas com PMs fortemente armados entraram na região atirando para o alto e quebrando coisas ao redor. 

Segundo a testemunha, diversos policiais gritavam o nome do atual secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), Guilherme Derrite, enquanto avançavam com truculência na favela. 

“Foi horrível, eles chegaram loucos. A polícia entrou na comunidade gritando Derrite, Derrite, Derrite, entendeu? Invadindo, dando tiro, jogando bomba. Pude presenciar o povo correndo na comunidade, os prédios sendo invadidos. Não consegui dormir de noite, a violência ainda permanece, infelizmente.”, compartilha.

Por medo da violência, moradores teriam corrido para se esconder, incluindo idosos, crianças e pessoas com deficiência. Os agentes também dispersaram bombas de efeito moral e spray de pimenta contra a população.

“Cadê as armas que não foram apreendidas? A gente sabe que isso daí tá gerando uma milícia, para que entrar a polícia ontem gritando [Derrite] dentro da comunidade? Para que dessa forma? É para mostrar poder, força do chefe deles? Tá virando isso, é uma milícia”, desabafa.

Em nota, a  SSP alega que o caso ocorreu durante um patrulhamento, seguido de uma troca de tiros com supostos traficantes. O órgão não respondeu sobre o motivo para a realização da operação no local.

 “A Polícia Civil investiga todas as circunstâncias da morte de um homem de 24 anos em São Vicente. […] As imagens enviadas pela reportagem serão analisadas”, diz trecho do comunicado.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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