As celebrações de Ano Novo no Brasil são marcadas por costumes que refletem a diversidade cultural e religiosa do país. Entre as tradições mais populares, como vestir branco, pular sete ondas e fazer oferendas ao mar, muitas têm origem no candomblé, religião de matriz africana que carrega histórias e rituais transmitidos por gerações.
Baba Thales, sacerdote do candomblé, destaca como essas práticas, muitas vezes incorporadas sem conhecimento de sua origem, reforçam a conexão com a ancestralidade africana.
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“Vestir branco no Ano Novo, por exemplo, é um gesto de paz e purificação, algo que vem das tradições do candomblé. A cor está ligada a Oxalá, orixá associado à serenidade e ao equilíbrio. É um momento de renovar energias e buscar harmonia para o próximo ciclo”, explica Baba Thales.
Ele também aponta que as oferendas ao mar, comuns em cidades litorâneas, têm ligação direta com os rituais dedicados a Iemanjá, orixá das águas e da maternidade.
“Quando alguém entrega flores ao mar, está muitas vezes sem saber, reverenciando Iemanjá. Esses atos traduzem a fé e a gratidão, elementos centrais na espiritualidade do candomblé”, acrescenta.
Além disso, Baba Thales ressalta como o costume de pular sete ondas reflete o respeito e a conexão com a natureza, um dos pilares das religiões de matriz africana.
“A cada onda que você pula, está pedindo força e proteção para enfrentar os desafios do ano que chega. Essa interação com a natureza é uma prática de fé e reconhecimento do poder dos elementos naturais”, diz ele.
Segundo o sacerdote, é importante que as pessoas conheçam e valorizem as raízes dessas tradições, muitas vezes invisibilizadas pelo preconceito religioso.
“Celebrar o Ano Novo com essas práticas é, de certa forma, honrar a ancestralidade africana que construiu a base de muitos costumes brasileiros. Reconhecer isso é um passo importante para combater a intolerância religiosa e valorizar a riqueza cultural do Brasil”, conclui Baba Thales.
Ao iluminar a origem das tradições de Ano Novo, Baba Thales convida as pessoas a refletirem sobre a força da ancestralidade que permeia os rituais do cotidiano e a importância de preservá-los com respeito e conhecimento.