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PM que matou jovem negro na favela de Manguinhos será julgado pela 2ª vez

Em maio deste ano, o Tribunal do Júri determinou que o PM não teve intenção de matar Johnatha de Oliveira ao atirar nas costas do jovem; nova decisão anula sentença anterior
Ana Paula Oliveira, fundadora do grupo Mães de Manguinhos, discursa durante protesto em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no Centro da capital fluminense, 8 de março de 2024

Foto: Solon Neto/Alma Preta

13 de dezembro de 2024

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) determinou, na quinta-feira (12), a abertura de um novo julgamento do policial militar que executou Johnatha de Oliveira Lima, em 2014, na favela de Manguinhos. Uma década após o crime, Alessandro Marcelino de Souza foi declarado como culpado de homicídio culposo por júri popular, em março deste ano.

O jovem de 19 anos morreu em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no dia 14 de maio, após ter sido vítima de um tiro nas costas. A batalha judicial de nove anos foi encerrada com o parecer do 3º Tribunal do Júri da Capital, que decidiu que o réu não teve intenção de matar o rapaz. 

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Com a tipificação, o caso seria transferido para a competência da Justiça Militar, com o início de uma nova ação e recomeço das investigações. Neste caso, a pena seria decidida por juízes militares.

Em votação unânime com os três desembargadores do TJRJ que participaram do primeiro processo, o colegiado optou por acatar o recurso da acusação e anular a decisão do júri popular. O próximo julgamento ainda não tem data definida. A expectativa da parte acusadora é reverter a condenação para homicídio doloso, quando há a intencionalidade no ato.

Em entrevista à Agência Brasil, a líder o grupo Mãe de Manguinhos e mãe da vítima, Ana Paula Oliveira, agradeceu a nova determinação da Justiça e reconhece que ainda há muita luta para condenar o executor de seu filho.

“Já são dez natais sem o meu filho. Mas a nossa luta, minha e de tantas outras famílias, é para que outros filhos não precisem faltar na mesa da ceia de Natal. Que os assassinos dos nossos filhos sejam responsabilizados. É o mínimo, não pedimos nada extraordinário. Seria extraordinário trazer os nossos filhos de volta. E isso não é possível mais. A gente não aguenta mais viver essas dores todos os dias”, declarou a líder, após audiência de análise do recurso.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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