Em coletiva de imprensa na quarta-feira (19), o ouvidor das polícias do estado de São Paulo, Claudio Aparecido da Silva, denunciou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) por se recusar a disponibilizar boletins de ocorrência referentes à atuação de policiais militares na Operação Verão, deflagrada na Baixada Santista, no início de 2024.
A operação, apontada como a segunda mais letal da história no estado paulista, vitimou 56 pessoas entre os meses de fevereiro a abril. À época, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) indicou um aumento de 400% no número de mortes ocasionadas por PMs em serviço nas cidades que compõem a região.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
No comunicado, Silva, que comanda o órgão responsável por apurar e encaminhar as denúncias relacionadas à corporação, informou ter encontrado dificuldades em atuar ao longo de seu mandato, iniciado em 2022. O ouvidor alega que a SSP não forneceu o contato dos Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs).
Após inúmeros solicitações de informação sobre os conselhos, o chefe da ouvidoria teria recebido apenas uma lista nominal dos grupos, sem mais detalhes. Silva também classificou o salto nas mortes por intervenção policial e nos registros de abordagens truculentas como “pior crise da história da segurança pública”.
Procurada pela Alma Preta, a SSP disse que responde aos questionamentos encaminhados pelos órgãos de controle e que, por meio de um representante, se reuniu com o ouvidor todas as vezes em que ele solicitou. No caso da Operação Verão, a pasta afirmou que a divulgação de informações depende de autorização judicial.
Novo Ouvidor
Ao final de dezembro, Claudio Silva deixará o órgão para ser substituído por Mauro Caseri, nomeado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na última terça-feira (17).
O advogado e especialista em direitos humanos que assumirá a Ouvidoria das Polícias pelos próximos dois anos, foi o terceiro colocado na lista tríplice do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).
O documento reunia três possíveis nomes indicados pelo Tribunal de Justiça (TJ), Ministério Público (PM), Defensoria Pública, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e membros da sociedade civil. Apesar da maioria dos votos na listagem terem sido registrados em favor de Silva, Freitas optou por indicar Caseri. A nomeação foi publicada no Diário Oficial na quarta-feira.
Texto com informações do UOL