Um levantamento do Datafolha divulgado no domingo (22) revelou que 51% dos brasileiros com 16 anos ou mais têm mais medo do que confiança na polícia. O número supera os 46% que disseram confiar mais do que temer os agentes de segurança.
A pesquisa foi realizada nos dias 12 e 13 de dezembro de 2023, com 2.002 entrevistas em 113 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
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O cenário reflete o mesmo nível de desconfiança observado em abril de 2019, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), quando 51% também declararam ter mais medo da polícia, enquanto 47% confiavam mais nos agentes.
Disparidades raciais e políticas no temor à polícia
O medo em relação à polícia apresenta variações expressivas entre diferentes segmentos da população. Entre pessoas negras, o temor é maior, atingindo 59%, enquanto entre brancos, o índice cai para 45%.
Também há diferenças significativas entre eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022: 58% dos eleitores de Lula têm mais medo da polícia, ante 40% dos eleitores de Bolsonaro.
Em relação ao gênero, 56% das mulheres declararam sentir mais medo da polícia, em comparação com 52% dos homens. Ainda assim, os homens são frequentemente as principais vítimas da violência policial, enquanto as mulheres assumem o papel de lidar com as consequências dessa violência em suas famílias.
Entre os que têm mais confiança na polícia do que medo, as taxas mais altas estão na região Sul (57%), entre homens (52%) e entre pessoas brancas (53%). Eleitores de Bolsonaro também se destacam, com 58% indicando confiança maior, em oposição aos 38% dos eleitores de Lula.
A pesquisa também revelou que 63% dos entrevistados disseram ter tomado conhecimento sobre os casos de violência policial recentes em São Paulo, sendo que 34% relataram estar bem informados, 25%, mais ou menos informados, e 4%, mal informados. Já entre os jovens de 16 a 24 anos, o desconhecimento sobe para 56%.
Entre os que estavam cientes dos casos, 55% disseram ter mais medo do que confiança na polícia, enquanto 42% declararam o contrário.