PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Estudo reúne 27 anos de notícias e dados sobre ataques e resistência dos povos de terreiro

Pesquisa inédita cataloga mais de 500 casos de conflitos étnicos-raciais-religiosos entre 1996 e 2023 e evidencia lutas das religiões de matriz africana no Brasil
Terreiros de Santo Amaro (BA) se unem contra o racismo, em 2023. A māe Williana de Odé, posa para foto em seu terreiro Ilê Axé Ojú Igbô Odé. Um estudo da UFF catalogou 27 anos de notícias sobre povos de terreiro.

Terreiros de Santo Amaro (BA) se unem contra o racismo, em 2023. A māe Williana de Odé, posa para foto em seu terreiro Ilê Axé Ojú Igbô Odé. Um estudo da UFF catalogou 27 anos de notícias sobre povos de terreiro.

— Joédson Alves/Agência Brasil

21 de janeiro de 2025

O grupo de pesquisa Ginga, da Universidade Federal Fluminense (UFF), divulgou nesta terça-feira (21) o relatório “Violações contra os povos de terreiro e suas formas de luta”, que documenta 1.242 publicações da imprensa digital entre 1996 e 2023 sobre conflitos étnicos, raciais e religiosos enfrentados por povos de matriz africana no Brasil. A publicação marca o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, instituído em 2007.

O estudo oferece um amplo banco de dados, disponível online, com reportagens e notícias organizadas para consulta e pesquisa pública. A plataforma permite download e filtragem de informações, ampliando o acesso de pesquisadores, ativistas e comunidades religiosas.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

O levantamento aponta 512 eventos de conflitos étnico-raciais-religiosos, com destaque para invasões e depredações de locais sagrados (25%) e ofensas e agressões verbais (14,5%). Lideranças religiosas aparecem como os principais alvos (21,1%), seguidos por praticantes das religiões de matriz africana (15,2%).

Entre os casos identificados, 240 envolvem religiosos e religiosas diretamente, dos quais 40,8% eram mulheres, incluindo cinco transgêneros. Lideranças de terreiro representam quase metade (46,6%) desse grupo. Mortes violentas de religiosos/as também foram registradas, representando 7,6% dos casos.

Os acusados de violações incluem vizinhos dos terreiros (10,9%), seguidos por traficantes (7,6%).

Resistência e mobilização

Apesar das violações, o relatório também evidencia formas de resistência e ação da sociedade civil. Atos públicos e manifestações locais representam 23,8% das iniciativas documentadas, enquanto denúncias em redes sociais (14,4%) emergem como importantes instrumentos de mobilização e visibilidade.

Além disso, foram catalogados 558 conteúdos que detalham respostas do poder público e ações da sociedade civil para enfrentar os conflitos religiosos, incluindo manifestações públicas e campanhas de conscientização.

Com a disponibilização do banco de dados, o grupo espera fomentar pesquisas e mobilizações. O público também poderá encaminhar notícias para inclusão na plataforma, com garantia de que o acervo cresça e sirva como referência para ações de combate à intolerância religiosa.


Texto com informações da reportagem da Agência Brasil.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano