Em apenas sete dias, a Bahia registrou três chacinas em decorrência de operações deflagradas pela Polícia Militar do Estado da Bahia (PMBA), com um total de nove mortes. As informações são do relatório do Instituto Fogo Cruzado, divulgado nesta terça-feira (28).
O documento aponta que das quatro ocorrências de chacina registradas pelo instituto durante o mês de janeiro, cerca de 75% foram ocasionadas por atuações da polícia baiana.
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Somando todas as ocorrências, 11 homens e uma mulher foram mortos no período analisado. Do total de vítimas fatais, quatro eram pessoas negras e outras oito não tiveram a raça identificada nos boletins de ocorrência.
O Fogo Cruzado considera como chacina os eventos em que há três ou mais civis mortos numa mesma situação. O relatório indica que em cada uma das operações deflagradas, entre os dias 17 e 23 de janeiro, três pessoas foram mortas.
Segundo o levantamento, as ações policiais aconteceram nos bairros Arenoso e Águas Claras, na capital soteropolitana, e em Itinga, na cidade de Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador. Uma operação teria sido realizada pela Polícia Militar e duas pela Rondas Especiais da PMBA (Rondesp).
Segundo o instituto, em janeiro de 2024 não houve nenhuma ocorrência de chacina. No primeiro semestre, a PMBA foi responsável por 71% das chacinas mapeadas e 349 tiroteios em Salvador e na região metropolitana.
Dudu Ribeiro, cofundador e diretor-executivo da Iniciativa Negra por Uma Nova Política Sobre Drogas, organização parceira do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, acredita que o primeiro mês de 2025 já demonstra o contexto de insegurança que aguarda a população baiana ao longo do ano.
“É muito grave a gente já ter registrado, em apenas uma semana, três chacinas policiais, considerando que elas acontecem em comunidades em que insistimos chamar de comunidades violentadas e não violentas. […] Essas chacinas são uma demonstração de que é urgente uma reorganização e reorientação do tipo de segurança pública que temos feito no país, especialmente na Bahia, que tem sido um dos maiores exemplos de crise do modelo de segurança pública”, explica Ribeiro.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que todos os casos são investigados pela Corregedoria da Polícia Militar e pela Polícia Civil, protocolo seguido em todas as mortes em decorrência de ação policial no estado.
A Alma Preta tentou contato com as polícias Civil e Militar para mais informações sobre as ações policiais deflagradas entre os dias 17 e 23 janeiro de 2025, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.