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Entenda a mobilização indígena que levou o governador do Pará a recuar com lei que ameaça educação

Após 23 dias de protestos, governador Helder Barbalho assinou termo de compromisso de revogação da lei que retira proteção jurídica de ensino indígena no Pará
Foto mostra indígenas em protesto pela suspensão da Lei 10.820/2024, aprovada em dezembro de 2024.

Indígenas em protesto da Apib pela suspensão da Lei 10.820/2024, aprovada em dezembro de 2024.

— Reprodução /APIB

7 de fevereiro de 2025

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), assinou na quarta-feira (5) um Termo de Compromisso para revogar a lei 10.820/2024, que coloca em risco a continuidade do ensino presencial nas comunidades tradicionais.

A lei, sancionada em dezembro de 2024, levou a uma mobilização de centenas de lideranças indígenas, professores, movimentos sociais e sindicais ao longo de janeiro. 

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A legislação extingue o Sistema Modular de Ensino (SOME), que atende as comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. A proposta possibilita a substituição do ensino presencial por remoto nestas localidades que, muitas vezes, sofrem com a falta de infraestrutura.

Diferente do sistema, que possuía diretrizes expressas sobre como deveria funcionar o Ensino Modular Indígena, a nova legislação aprovada por Barbalho não faz menção ao ensino indígena. 

A alteração preocupa educadores, pois causa insegurança jurídica quanto a garantia de educação de qualidade para povos tradicionais e originários.

Mobilização pela Educação Indígena

Em resposta à sanção, mais de 300 representantes indígenas de diversas etnias do Baixo Tapajós e de outras regiões paraenses ocuparam a Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), em Belém, no dia 13 de janeiro. 

Três dias após a ocupação, professores da rede pública de ensino anunciaram uma greve geral por tempo indeterminado em apoio ao protesto, votada em unanimidade em 16 de janeiro.

Além da ocupação, o mês de janeiro foi marcado por diversos protestos na capital paraense para reivindicar a revogação da medida e o afastamento do secretário da Educação, Rossieli Soares.

Os atos ganharam visibilidade nacional e mobilizaram diversos artistas que reforçaram a campanha contra a medida. Nas redes sociais, figuras públicas como Anitta, Dira Paes, Dj Allok e Glória Pires compartilharam mensagens pedindo a revogação da lei.

Assinatura do Termo de Compromisso

No dia 5 de fevereiro, 23 dias após o início dos protestos, o governo do Pará anunciou a assinatura do Termo de Compromisso atendendo o pedido de revogação da Lei 10.820/2024.

O documento foi assinado na sede do Poder Executivo, em Belém, na presença do presidente da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), Francisco Melo (MDB), lideranças indígenas e representantes do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Pará (Sintepp).

A demissão do secretário de Educação, Rossieli Soares, não consta no termo. A expectativa da comunidade indígena é que a revogação seja publicada no Diário Oficial ainda nesta semana.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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