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Programa de saúde da Fiocruz beneficia mais de 600 mil moradores de favelas do Rio

Pesquisa da UFRJ e PUC-Rio aponta impacto da articulação entre favelas, instituições científicas e saúde pública no enfrentamento da pandemia e no pós-crise
Aglomerado de casas das favelas do Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2024.

Aglomerado de casas das favelas do Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2024.

— Tânia Rêgo/Agência Brasil

14 de fevereiro de 2025

A colaboração entre favelas, instituições acadêmicas e órgãos de saúde pública no Rio de Janeiro foi essencial para a efetividade das estratégias de enfrentamento à pandemia de Covid-19. Um levantamento realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) revelou que as ações desenvolvidas no âmbito do Plano Integrado de Saúde nas Favelas, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), já beneficiaram 625 mil pessoas.

Os resultados foram apresentados na última quarta-feira (12), durante o evento “Saúde na Favela é Construção Coletiva”, promovido na Tenda da Ciência em referência ao Dia Estadual de Saúde nas Favelas. O encontro reuniu 250 lideranças de 33 cidades do estado para discutir os desafios das comunidades no contexto pós-pandemia.

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O Plano, desenvolvido em parceria com UFRJ, Uerj, PUC, IFF, UENF, Abrasco, SBPC e Alerj, financiou 90 projetos comunitários em sua primeira chamada pública, abordando temas como segurança alimentar, atendimento psicoterapêutico e formação de jovens comunicadores. Entre as ações realizadas, destacam-se a criação de cozinhas comunitárias, distribuição de 755 toneladas de alimentos e fortalecimento de unidades de saúde da família.

Favelas como protagonistas na construção de soluções

A pesquisa apontou que 50% dos projetos atuaram diretamente em uma favela, enquanto os demais beneficiaram mais de um território simultaneamente. O impacto das ações se estendeu para toda a estrutura familiar e social das comunidades.

Os resultados indicam que 52,3% das iniciativas tiveram impacto coletivo sobre famílias e comunidades. Outras 13,6% focaram exclusivamente na saúde de mulheres e 9,1% beneficiaram crianças, adolescentes e jovens.

Para Lourdes Aguiar, vice-presidente da Fiocruz, o modelo adotado no Rio de Janeiro pode ser expandido para outras regiões. “Essa articulação entre favelas, academia e saúde pública representa um novo paradigma. É uma experiência que pode servir de referência para outros estados e até para outros países”, afirmou em publicação da Fundação.

Mulheres lideram 80% das iniciativas

Cerca de 80% dos projetos foram liderados por mulheres, que desempenharam papel central na mobilização comunitária. O professor Pedro Cláudio Cunca Bocayuva, da UFRJ, destacou que as respostas emergenciais foram construídas por mães, professoras e profissionais da saúde, que vivenciam o cotidiano das escolas e unidades básicas de saúde.


“Descobrimos nessa avaliação que a força coletiva das mulheres guiou as respostas das favelas na pandemia. Os territórios populares são majoritariamente femininos, e a resistência se deu por meio do envolvimento dessas lideranças no atendimento às famílias”, afirmou Bocayuva em nota da Fiocruz.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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