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Universitário negro baleado por PM aposentado é mantido sob custódia no Rio; ministra cobra explicação

Segundo a Polícia Militar do Rio de Janeiro, o estudante negro baleado após ser confundido com assaltante está sob custódia no hospital Getúlio Vargas
A imagem mostra Igor de Melo Carvalho, jovem baleado por um policial aposentado após ser confundido com assaltante.

A imagem mostra Igor de Melo Carvalho, jovem baleado por um policial aposentado após ser confundido com assaltante.

— Reprodução / Instagram

25 de fevereiro de 2025

Na segunda-feira (24), um universitário negro foi baleado pelas costas por um policial militar da reserva na Zona Norte do Rio de Janeiro. Igor Melo de Carvalho, de 32 anos, foi acusado de roubo pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) e está sob custódia no Hospital Getúlio Vargas, na capital fluminense.

Segundo declarações dos familiares, a vítima retornava do trabalho na garupa de uma motocicleta, solicitada por aplicativo de transporte. No caminho, ele teria percebido que a motocicleta estava sendo seguida por alguém. Igor foi baleado minutos depois e caiu no chão ferido.

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O policial aposentado em questão é marido de uma mulher que teve o celular roubado naquela mesma madrugada, no bairro da Penha. Em decorrência do ferimento, a vítima perdeu um rim.

O jovem é estudante de Publicidade e Propaganda na Universidade Celso Lisboa, pai e responsável por um perfil na internet dedicado ao Botafogo, tendo participado de atendimentos à imprensa realizados pelo time. O comunicado oficial destacou o profissionalismo da vítima e pediu justiça para o caso. 

Em nota à Alma Preta, a PMERJ informou que esposa do policial teria reconhecido o condutor da moto como um dos responsáveis pelo roubo de seu celular. Um dos homens foi preso e a vítima segue sob custódia no hospital.

De acordo com a instituição, o PM da reserva já assumiu a autoria dos disparos. No entanto, a pasta não informou sobre a situação do agente reformado em relação à prisão em flagrante ou medidas semelhantes.

Ministra e parlamentares se manifestam

No X (antigo Twiter), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, declarou que oficiará o governo do Rio de Janeiro e as autoridades de justiça sobre a situação da vítima. O comunicado informa que a vítima se encontra com a saúde frágil e privada de acesso à família.

“Estou acompanhando o caso de Igor Melo, jovem negro baleado nas costas no RJ após ser “confundido” como um criminoso por alguém que tentou fazer justiça pelas próprias mãos. […] Queremos os nossos jovens negros vivos, em liberdade, não sendo alvos de injustiças e violências raciais”, declarou Franco. 

O caso também foi repercutido por parlamentares, que cobram investigação do ocorrido e a devida responsabilização do autor dos disparos. Para a vereadora do Rio Monica Benício (PSOL), o caso expõe o despreparo policial e a “ideologia perversa das nossas forças de segurança”. 

“ Igor estava na garupa de uma moto, voltando do trabalho. Thiago Gonçalves, motorista do motouber, também está sendo acusado de cometer um crime que não cometeu. […] No fim, quem precisa ser devidamente investigado é o Policial Militar reformado que saiu atirando no meio da rua, único criminoso dessa história”, afirmou.

O deputado federal pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) declarou que a ocorrência evidencia o racismo estrutural na sociedade brasileira.

“Igor, um homem negro, estudante de publicidade e garçom, voltava para casa de moto por aplicativo quando foi alvejado por um policial militar da reserva, cuja esposa o apontou como suspeito de um roubo ocorrido horas antes. 

O caso reforça debates sobre justiça por conta própria, o racismo que influencia abordagens violentas e a necessidade de investigações rigorosas para evitar tragédias como essa”, destaca.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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