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Vale é processada por contaminar comunidade indígena com mercúrio, arsênico, chumbo e outros metais pesados

Estudos indicam que 99,7% dos indígenas Xikrin do Cateté apresentaram níveis alarmantes de elementos químicos em seus organismos; contaminação teria sido causada por empreendimento da Vale
A foto mostra um indígena da etnia Ha-ha-hae em frente ao Rio Paraopeba contaminado, após tragédia da Vale na cidade Brumadinho (MG), em 2019.

A foto mostra um indígena da etnia Ha-ha-hae em frente ao Rio Paraopeba contaminado, após tragédia da Vale na cidade Brumadinho (MG), em 2019.

— Mauro Pimentel / AFP

25 de fevereiro de 2025

O Ministério Público Federal (MPF) iniciou uma ação civil pública contra a empresa Vale, a União e o Estado do Pará pela contaminação por metais pesados ​​dos indígenas Xikrin do Cateté, no município de Parauapebas (PA). O processo foi divulgado pelo órgão na última segunda-feira (24).

A ação civil pública proposta à Justiça Federal apresenta uma série de relatórios e estudos técnicos que destacam os severos impactos das atividades mineradoras na saúde da comunidade indígena.

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A Terra Indígena (TI) Xikrin do Cateté, no sudoeste paraense, abriga cerca de 1,7 mil indígenas e é rodeada pelos rios Itacaiúnas e Cateté. A área é cercada por empresas de mineração da Vale, com destaque para a Onça-Puma, que explora níquel.

A ação indica a presença de substâncias tóxicas em níveis alarmantes na população indígena, como chumbo, mercúrio, bário, lítio e manganês. De modo geral, foram encontrados 32 elementos químicos nos indígenas do território, sendo 22 metais. Sete destes são considerados extremamente tóxicos à saúde humana.

O documento aponta que 36,5% dos indígenas analisados foram contaminados por alumínio, 17% por chumbo e 28% por mercúrio. O arsênio foi detectado em 2,8% dos participantes da pesquisa.

Segundo o “Relatório da Campanha de Averiguação de Metais Pesados ​​em Excesso nos Organismos dos Indígenas Xikrin do Cateté”, apresentado no processo, 99,7% dos 720 indígenas analisaram níveis alarmantes de elementos químicos no organismo. Do total, 98,5% estavam contaminados por metais pesados ​​e perigosos.

O estudo foi realizado em 2024 pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e destacou casos graves, como o de uma criança de um ano com altos níveis de alumínio, bário e chumbo. Em outro caso, o nível de níquel em um jovem de 19 anos estava 2,326% acima do considerado seguro.

Na ação, o procurador da República Rafael Martins da Silva ressalta que a disseminação desses poluentes na TI põe em risco fontes tradicionais de sustento da comunidade indígena, como a pesca, perpetuando um “ciclo de doenças e degradação socioambiental”. 

O processo pede que a Vale custeie o acesso imediato e integral para o tratamento médico de descontaminação, incluindo consultas, exames e medicamentos.

O Ministério Público Federal ainda pede que a União e o Estado do Pará sejam responsabilizados e obrigados a garantir suporte técnico e administrativos. 

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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