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Conheça Valter Sedano, jovem de Niterói é número um no parataekwondo

Aos 21 anos, aposta nacional da modalidade, paratleta afirma que quer ajudar a família com suas conquistas no esporte; para chegar à última fase para ser classificado para a seleção brasileira, Sedano iniciou uma campanha de arrecadação em suas redes sociais

Imagem mostra o paratleta em frente à um painel branco vestido de kimono e segurando um troféu

Foto: Imagem: Divulgação/Acervo

4 de fevereiro de 2022

Com apenas 21 anos, Valter Sedano, morador de Niterói (RJ, já é o número um do Brasil no ranking de parataekwondo para ingressar na seleção brasileira da modalidade. Em apenas um ano, o jovem conseguiu disputar campeonatos e vencê-los, o que o fez tornar-se a aposta nacional em sua categoria. Para isso, além da disciplina com os treinos, Sedano alterna sua rotina entre o esporte, a faculdade e os trabalhos que exerce junto ao pai. 

Ainda em seu nascimento, Valter sofreu uma lesão do plexo braquial devido ao uso do fórceps durante complicações no parto, o que implicou em uma mobilidade reduzida do braço direito. A paixão pelos esportes se apresentou cedo e ele passou por modalidades como futebol e karatê, mesmo não vendo futuro na área, já que as medidas de inclusão dentro dos espaços de treino não se mostravam suficientes para seu desenvolvimento.

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Enquanto isso, Sedano se dedicou aos estudos e ajudou a família nos afazeres dentro e fora de casa, onde mora com o pai, mãe e um irmão mais novo. Para ajudar no sustento, após sua maioridade, passou a dividir seu tempo entre as aulas de educação física na faculdade e o apoio no trabalho do pai, que atua como pedreiro e pescador.

Foi em uma das visitas a obras que Sedano percebeu o cenário para desenvolver suas habilidades por esportes mudar. Junto ao seu pai, o jovem foi surpreendido por um convite de um treinador que o chamou para uma aula de parataekwondo e assim aceitou. O que Valter não esperava é que iria se identificar com a modalidade e que teria como mentor Pedro Neves, paratleta que, hoje, ocupa o 14º lugar do ranking mundial do esporte. 

“Primeiro que eu não imaginava que seria chamado assim e segundo que foi engraçada a insistência do treinador. Ele estava correndo na área onde estávamos e, por coincidência, eu e meu pai também estávamos no mesmo lugar caminhando para fazer um orçamento de obra com um cliente. Foi assim que comecei e não parei mais”, conta Sedano.

Hoje, o jovem treina duas vezes na semana com tempo de duração entre duas a três horas por dia. Com a iniciação na arte marcial durante a pandemia, o jovem relembra que, mesmo com toda vontade de se dedicar ao esporte, passou por desafios ao enfrentar um período que, além do medo de ser acometido pela Covid-19, ainda tinha o de diminuir a renda da família.

“Houve uma grande preocupação, principalmente, com os custos dentro de casa. Antes a gente já se preocupava, mas com a evolução da pandemia a escassez ficou ainda maior. Eu, meu pai e meu irmão mais novo tivemos que trabalhar ainda mais, principalmente, com a pescaria para garantir o dinheiro do mês. Isso me fez reduzir meus treinos para apenas um dia, um treino restrito, que não podia aglomerar”, conta. 

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Valter Sedano e seu técnico, Pedro Neves, responsável por fazer o convite para ingressar na modalidade (Imagem: Divulgação/Acervo)

Com a rotina voltando aos poucos ao normal, Sedano revela que ainda enfrenta alguns desafios, mas que se mobiliza pelas conquistas que já teve em pouco tempo no parataekwondo. “Os treinos vão ficando cada vez mais puxados, mas eu foco nas conquistas. Interessante que outra dificuldade é se destacar entre os demais paratletas da modalidade. Por mais que seja nova, tendo seu surgimento em 2015, o parataekwondo tem, sim, uma quantidade grande de paratletas de alto rendimento, algo que as pessoas não imaginam. Isso, principalmente do ano passado para cá”, ressalta o paratleta. 

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Conquistas

Sedano, em setembro de 2021, foi medalha de ouro no campeonato regional Sul. Já em outubro do mesmo ano, levou a medalha de ouro no Parajáps, no Paraná, onde é confederado. E, fechando o ano, em novembro foi medalha de prata no campeonato brasileiro de parataekwondo. 

Com tantas conquistas em sua curta trajetória, o jovem afirma que as vitórias são fruto dos incentivos diários e revela guardar consigo, orgulhoso, um episódio importante entre as competições que fez parte. 

“Não tem como esquecer do primeiro campeonato que participei. Estava nervoso, mas contei sempre com o incentivo do treinador, dos colegas de treino, dos amigos, da família, que me diziam que não tinha pressão para eu ganhar, mas eu sentia isso. Era um sentimento de querer retribuir todo o apoio e eu só pensava nessas pessoas que me fizeram chegar lá. Por isso, assim que terminou a competição, que tinha dado certo, tentei ligar para todo mundo para agradecer”, relembra Sedano.

Incentivo

Destaque nas competições regionais e nacionais, o jovem não quer parar e traçou a meta de, além de representar os seus incentivadores, quer representar seu país integrando a seleção brasileira. Um dos 14 paratletas convocados, em todo o país, Sedano precisa competir no ‘Draft 2022 Parataekwondo’, disputa que irá definir a seleção do ano de 2022.

O paratleta tem grandes chances de se qualificar, mas para chegar ao Centro de Treinamento Paraolímpico Brasileiro em São Paulo, onde deve ficar de 4 a 7 de março, precisa vencer uma batalha fora do tatami: arrecadar uma quantia de aproximadamente R$3.200, até o final do mês de fevereiro, para cobrir gastos com exames médicos, taxas para competições nacionais e internacionais e equipamentos de proteção que atendam aos padrões internacionais da modalidade. 

Por isso, o jovem abriu campanha nas redes sociais para arrecadar fundos através do seu pix, que pode ser feito para a chave de e-mail ou [email protected] ou chave por telefone (21) 995975442.

Questionado sobre seus próximos passos caso alcance sua meta, o jovem promete melhorias para ele, enquanto paratleta e para quem acredita no seu potencial e torce para seu desenvolvimento.

“No futuro, já penso em ajudar ainda mais minha família e investir na minha carreira, já que um paratleta, quando quer sobreviver disso, deve pensar mesmo como um trabalho. Pretendo investir nos meus treinos e em ferramentas que aumentem o meu rendimento. Para isso, preciso ter condições e estou batalhando atrás delas”, finaliza. 

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