Em São Paulo, moradores do Jardim Pantanal, região periférica na Zona Leste da capital paulista, denunciam o prefeito Ricardo Nunes (MDB) por não efetuar o pagamento do auxílio emergencial para as famílias impactadas pela enchente que atingiu o local em 1º de fevereiro.
De acordo com reportagem do Brasil de Fato, publicada na última terça-feira (18), cerca de mil pessoas aguardam uma posição da Prefeitura de São Paulo sobre o auxílio emergencial prometido pela gestão de Nunes.
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Passados mais de 40 dias após as enchentes, residentes de áreas de risco do Jardim Pantanal relataram não terem conseguido acessar o auxílio emergencial, de cota única no valor de R$ 1 mil.
“Minha casa estava com muita água e eu só consegui sair no dia seguinte para fazer o cadastro. Desde então, a prefeitura me diz que ainda não há previsão para o pagamento e me pedem para falar com a Subprefeitura, que me pede para falar com a Prefeitura, e ficamos de lá para cá”, declarou Roberta Silva Prates, moradora do Jardim Pantanal, em entrevista ao Brasil de Fato.
Em resposta à Alma Preta, a Secretaria Municipal de Habitação (SEHAB) negou o cancelamento ou atrasos no repasse de saldo do Cartão Emergencial. A pasta alega que, desde 1º de fevereiro a 12 de março, 3.077 pessoas do Jardim Pantanal teriam sido atendidas com o benefício.
Ainda segundo a nota, a SEHAB não pôde identificar ou apurar os casos denunciados pela reportagem e afirmou que os auxílios são concedidos conforme a Lei Municipal nº 17.719/2021.
“Reforçamos que o auxílio de R$ 1.000 é destinado em parcela única para famílias afetadas por desastres naturais. A Defesa Civil realiza a identificação das pessoas atingidas, elabora um relatório e o envia à subprefeitura, que instrui o processo e encaminha à SEHAB. Somente serão atendidas com o benefício as famílias que estiverem dentro dos critérios da portaria, devidamente identificadas pela subprefeitura” diz trecho do comunicado.
Cadastramento de auxílio emergencial teve ação truculenta da GCM
No dia do cadastramento do benefício, em 5 de fevereiro, agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) reprimiram um protesto de moradores com truculência, utilizando bombas de efeito moral contra a população.
A ação ocorreu durante a fila de espera do cadastro do benefício destinado aos atingidos pelas enchentes.
Após serem informados de que o atendimento seria encerrado, centenas de pessoas iniciaram um protesto pacífico. Em resposta, a Prefeitura de São Paulo acionou a GCM. Com bombas de gás lacrimogêneo, os agentes agiram de forma violenta contra os moradores e deixaram feridos.
À época, covereadoras da Bancada Feminista do PSOL acionaram o Grupo de Controle Externo da Atividade Policial do Estado de São Paulo (GAESP), do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), para investigar o caso.
As parlamentares classificaram a ação como ilegal, além de destacar o uso excessivo e desproporcional da força policial para dispersar os manifestantes.