Um levantamento realizado pelo Instituto Patrícia Galvão e Ipec, com apoio do Ministério das Mulheres, revela que 89% dos brasileiros desejam mais mulheres como candidatas nas próximas eleições. O estudo também aponta que 84% dos entrevistados consideram que a baixa representatividade feminina na política é resultado de discriminação e falta de apoio.
Entre os que apoiam a política de cotas para aumentar a presença feminina no Legislativo, a aprovação é maior entre pessoas pretas e pardas (61%) do que entre brancos (55%).
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Falta de incentivo e discriminação
Para 77% dos entrevistados, as mulheres não são incentivadas a se interessar por política desde jovens, o que contribui para a baixa presença delas em cargos eletivos. Além disso, 41% apontam o assédio e os ataques machistas dentro e fora dos partidos como barreiras para a participação feminina.
A falta de apoio da família e das próprias legendas partidárias também foi citada como um obstáculo por 31% dos entrevistados. O estudo revela que mulheres negras e periféricas enfrentam desafios ainda maiores, pois, além do machismo estrutural, lidam com o racismo e a desigualdade social.
Percepção sobre a atuação feminina na política
A pesquisa mostra que a maioria dos brasileiros considera que a presença de mais mulheres na política resultaria em avanços em áreas como saúde (74%) e educação (63%). Além disso, 88% defendem que equipes de governo tenham equilíbrio entre homens e mulheres para melhor representar a diversidade da população.
Sobre os critérios para votar em uma mulher, 36% mencionam sua capacidade de organização, enquanto 34% destacam a importância da presença feminina na política como uma questão de representatividade. Entre as mulheres, 30% consideram que elas priorizam temas como saúde, educação e segurança em suas propostas, enquanto 31% dos homens acreditam que elas são menos corruptas.
A maioria dos entrevistados (59%) apoia a política de cotas mínimas para candidaturas femininas. Entre os pretos e pardos, esse índice é maior do que entre brancos. Além disso, 80% defendem que os partidos que não cumprirem a lei das cotas devem ser punidos, e 73% acreditam que legendas que apresentem apenas candidatos homens deveriam disputar menos vagas nas eleições.
Barreiras e desafios
Apesar do amplo apoio à participação feminina na política, 25% dos entrevistados ainda acreditam que o ambiente político é muito agressivo para mulheres. O estudo aponta que essa percepção é mais forte no Nordeste, onde 32% dos entrevistados afirmam que elas não suportariam a pressão do cenário político.
Mesmo com desafios estruturais, apenas 3% dos brasileiros afirmam que jamais votariam em uma mulher. Para Jacira Melo, diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão, o levantamento demonstra a necessidade de fortalecer o apoio institucional e social às candidaturas femininas.
“O Brasil reconhece a importância das mulheres na política, mas ainda falta suporte para que elas acessem cargos de poder e decisão. É preciso que partidos e instituições criem condições para que as mulheres, em especial as mulheres negras e periféricas, tenham espaço real de participação”, afirmou em nota à imprensa.
A pesquisa foi realizada de 10 a 14 de janeiro de 2025, com 2.000 entrevistados em 129 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.