Considerada uma das principais manifestações populares da Bahia, a tradicional Lavagem do Bonfim foi cancelada em Salvador diante do aumento de casos da variante da covid-19, a Ômicron, e do surto de gripe da H3N2. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (5), pelo prefeito Bruno Reis (DEM).
Durante coletiva, o gestor municipal disse que a realização da festa, que aconteceria no dia 13 de janeiro, poderia contribuir para o aumento dos casos na cidade, por isso optou por tomar a decisão de cancelar o festejo. Atualmente, a Bahia também tem enfrentado casos da ‘Flurona’, nome dado à infecção simultânea pela H2N2 e a covid-19. Já foram oito casos identificados até o momento.
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“Essa foi uma decisão conjunta entre a Prefeitura e a Basílica do Bonfim e, diante dessa transmissão que está ocorrendo, não podemos dar margem para contribuir para que nesses números possam aumentar ainda mais. Sendo assim, infelizmente, o dia da Lavagem do Bonfim será um dia normal na cidade, com a região da Cidade Baixa funcionando normalmente”, declarou Bruno Reis.
É o segundo ano consecutivo que a festa é cancelada por causa da pandemia. Realizada na segunda quinta-feira do ano, a Lavagem do Bonfim reúne centenas de fiéis, turistas e simpatizantes pelas ruas da Cidade Baixa da capital baiana em um cortejo até a Basílica do Senhor do Bonfim, na Colina Sagrada.
Ainda segundo o prefeito, a Basílica ficará fechada no dia 13 e o templo será aberto apenas às 18h para a missa da novena, que terá início às 19h.
Pela manhã, às 10h, uma transmissão virtual no site da Basílica irá prestar uma homenagem póstuma aos mais de 620 mil mortos pela Covid-19 no Brasil. Em seguida, às 10h30, o reitor da Basílica do Bonfim, padre Edson Menezes, transmitirá a tradicional mensagem e benção à população.
Festa e tradição
A Lavagam do Bonfim é considerada a segunda maior manifestação popular da Bahia, atrás apenas do Carnaval. Realizado há mais de dois séculos, o festejo inicia com um cortejo que sai da Igreja da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no bairro do Comércio, percorrendo cerca de oito quilômetros até a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim.
Com o sincretismo religioso, na representação da Igreja Católica, Senhor do Bonfim representa Jesus Cristo. Já para as religiões de matriz africana, como o candomblé, o santo representa Oxalá, orixá da criação e da vida.
Na chegada à Basílica, baianas e devotos do candomblé benzem fiéis e lavam as escadarias do Santuário, onde também são realizadas missas em celebração ao santo e ao orixá. Também comum que os fiéis amarrem fitas do Senhor do Bonfim no gradil da Basílica. Cada nó na fita representa um pedido ou uma meta para o santo ou orixá, conforme a religião de cada devoto.
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