O curta-metragem sergipano “Pretinha“, dirigido por Fellipe Paixão e produzido por Gustavo Rayner, narra a trajetória de Leandro, jovem negro da periferia sergipana, que enfrenta o luto pela perda do pai morto em uma operação policial. A história se desenrola a partir da relação entre Leandro e seu psicólogo escolar, Pedro, criando um espaço de acolhimento e reconstrução de identidade.
Com lançamento previsto para o circuito de festivais no segundo semestre de 2025, o filme mistura drama com elementos de afrofuturismo e aposta no que chama de “falseamento fabular”, criando camadas simbólicas para abordar temas como masculinidade, trauma, pertencimento e futuro.
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Equipe majoritariamente negra e periférica
Pretinha conta com uma equipe formada em sua maioria por profissionais negros e periféricos. O elenco é liderado por Cícero Lucas, reconhecido por sua atuação em “Marte Um” (2022), longa que representou o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar 2023. Wendell Campos interpreta o psicólogo Pedro, figura que ajuda o protagonista a reconfigurar sua trajetória. Completam o elenco Davi Willian, Kênia Freitas, Quésia Souza, Abiúdo e Hawk.
O projeto foi aprovado em primeiro lugar na Lei Paulo Gustavo do estado de Sergipe e conta com o apoio do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE-SE), AVMakers e financiamento do YouTube.
Exibições em comunidades e impacto social
Além dos festivais, Pretinha será exibido gratuitamente em quilombos, escolas e comunidades periféricas, promovendo debates e oficinas sobre cinema, identidade e questões raciais. A proposta da equipe é gerar impacto social por meio da arte, abordando temas como violência policial, racismo estrutural e saúde mental da juventude negra.
A ambientação do filme se dá em uma escola afrocentrada, construída com referências visuais inspiradas em saberes africanos e elementos da cultura afro-brasileira. A fotografia e a direção de arte exploram cores vibrantes e simbologias que propõem um espaço-tempo alternativo onde o passado ancestral e o futuro imaginado coexistem.
Diretor aprofunda pesquisa sobre identidade e pertencimento
Fellipe Paixão nasceu no povoado Tabocas, em Nossa Senhora do Socorro (SE), e é formado em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal de Sergipe. Com foco em narrativas que abordam o protagonismo negro, o pertencimento e a ressignificação da masculinidade, Fellipe é fundador do coletivo de cinema Agora Seremos e do selo musical Funkytown.
Em 2023, co-dirigiu o curta Alive, selecionado para a 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes e para o 52º Festival de Cinema de Gramado. Com Pretinha, o diretor aprofunda sua pesquisa estética e propõe um olhar inovador sobre a juventude negra nordestina.