A guerra civil no Sudão completa dois anos nesta terça-feira (15), com um cenário de destruição e deslocamento forçado. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 13 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas desde o início dos confrontos, em abril de 2023. Desse total, 8,6 milhões são deslocados internos e 3,8 milhões se tornaram refugiados em outros países.
O conflito opõe o Exército do general Abdel Fattah al-Burhane, no poder desde o golpe de Estado de 2021, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), comandados pelo general Mohammed Hamdane Daglo.
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As forças disputam o controle territorial do país, com o Exército mantendo domínio no norte e leste, e os paramilitares atuando no sul e oeste, especialmente na região de Darfur.
Fuga em massa e ofensiva em Darfur
Segundo o diretor regional do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), Abdurauf Gnon-Kondé, “88% dos deslocados no Sudão são mulheres e crianças que fogem para buscar segurança”.
A situação se agravou na última semana com uma nova ofensiva das FAR para capturar El-Fasher, a última capital provincial de Darfur ainda sob controle do Exército. Mais de 400 mortes foram registradas apenas nos últimos combates.
A tomada do acampamento de Zamzam, um dos maiores campos de pessoas deslocadas pela guerra no Sudão, que abrigava mais de 500 mil pessoas, forçou a fuga de cerca de 400 mil, equivalentes a 60 a 80 mil famílias.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) classificou o deslocamento como consequência direta da insegurança crescente.
Além das mortes e da destruição, o conflito mergulhou regiões do país na fome extrema. A insegurança alimentar atinge áreas inteiras, especialmente em Darfur, onde a atuação dos grupos armados dificulta a entrega de ajuda humanitária. Organizações internacionais alertam que a continuidade da guerra pode agravar ainda mais a situação.