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‘Ipês não são domesticáveis’: jornalista negra homenageia Brasília em livro

A jornalista Waleska Barbosa segurando o livro "Ipês não são domesticáveis", que homenageia Brasília.

A jornalista Waleska Barbosa segurando o livro "Ipês não são domesticáveis", que homenageia Brasília.

— Gilberto Soares

21 de abril de 2025

Ao completar 25 anos como moradora de Brasília, a escritora e jornalista paraibana Waleska Barbosa homenageia a cidade com “Ipês não são domesticáveis”. Publicado pela AVÁ editora, a obra tem prefácio de Tom Farias, apresentação de Jullyany Mucury e traz 65 crônicas, a mesma idade que a capital do país completa em 21 de abril.

O livro tem suas crônicas selecionadas do blog Um por dia, criado por Waleska em 2017 e que também serviu de base para o seu primeiro livro, “Que o nosso olhar não se acostume às ausências”. Desta vez, a cidade onde foi morar, nos anos 2000, como recém-formada em Jornalismo, deu o tom da narrativa, a começar pela crônica que intitula o livro.

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A florada do ipê, árvore-símbolo da cidade, é famosa por colorir e marcar o cenário tantas vezes árido das estações seca e chuvosa que se revezam no “quadradinho” destacado no mapa do Centro-Oeste brasileiro.

Como no livro de estreia, é a partir de sua condição de gênero, raça e classe que a autora retrata um cotidiano que podia ser sufocante, no contexto de uma grande cidade e de tantas missões a serem cumpridas por ela. No entanto, é de onde, por meio da observação precisa dos movimentos e jeitos da capital, retira a matéria/inspiração/objeto com que escreve.

Com 156 páginas, “Ipês não são domesticáveis” tem projeto gráfico de Masanori Ohashy e exibe na capa um bordado em papel, assinado pela irmã da autora, Vitória Maria Barbosa Widmer.

“É um trabalho lindíssimo, que expressa a força, a cor, a magia, o encanto e o lúdico dos ipês. Um presente que me honra, emociona e reforça o afeto que permeia uma obra que começou como um projeto independente e chega ao mercado pela força do coletivo, do aquilombamento e da chegada da AVÁ para me incentivar a seguir”, diz Waleska.

Estética e política

Na obra, Brasília pulsa nos detalhes que muita gente renega e insiste em não ver. Waleska Barbosa reitera sua marca de observadora arguta. É por ali que escorre a verve cronista da autora.

“É uma alegria poder, enfim, concluir o livro, cujo projeto teve início em 2022. Entrego ao público uma obra de muita qualidade, que envolve profissionais excelentes. Concordo com a grande mestra Conceição Evaristo quando lembra que, para uma mulher negra, escrever é um ato político. Brasília é inspiração diária e poder compartilhar as crônicas que, de alguma forma, remetem à cidade, sua cultura e figuras, é cumprir um papel não apenas estético, mas político”, reforça.

O estilo da autora é comparado ao de Rubem Braga, considerado um dos maiores cronistas brasileiros, pelo também escritor Tom Farias.

“Em muitos aspectos lembra Rubem Braga, que lidava em suas crônicas com o universo do amor ou da ‘vida simples, dos humildes e sofredores’, abordando ‘assuntos do dia a dia, da infância, da mocidade’ e dos ‘amores da vida’. Waleska Barbosa mistura todos esses ingredientes com um toque ardente de sua condição de mulher negra, artista e intelectual”, escreve ele.

“Esteja atento para uma escrita que tem espinhos, como boa flor que é. “Não tem mais brasiliense, mulher, inteira e rasgada que Waleska”, afirma Julliany Mucury.


O livro está disponível para compra no site da AVÁ editora.

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