Dados divulgados nesta segunda-feira (5) pelo Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) revelam que três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos não compreendem pequenas frases ou informações simples do cotidiano, como preços e números de telefone. Os integrantes desse grupo, classificados como analfabetos funcionais, representam 29% da população — mesmo índice registrado em 2018.
O levantamento mostra que os maiores impactos se concentram sobre a população negra (pretos e pardos). Entre os analfabetos funcionais, 63% são negros. Entre a população branca, esse número cai para 34%. O dado reforça a persistência das desigualdades raciais na educação brasileira.
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Baixa escolaridade acompanha desigualdade racial
A diferença também aparece nos dados de escolaridade. Das pessoas que nunca estudaram, 69% são negras. Entre aquelas que completaram apenas o ensino fundamental, 59% pertencem ao mesmo grupo racial. No caso da população branca, os percentuais são 29% e 38%, respectivamente.
Quando se analisa o acesso ao nível mais alto de alfabetismo — o consolidado — os contrastes se mantêm. Em 2024, 41% das pessoas brancas entre 15 e 64 anos atingiram esse nível. Já entre a população negra, apenas 31% alcançaram esse patamar.
A maior parte dos negros está concentrada no nível Elementar de alfabetismo. Essa faixa é considerada uma etapa de transição, na qual os indivíduos compreendem textos de extensão média, realizam pequenas inferências e resolvem problemas com operações matemáticas básicas.
Distribuição por níveis de alfabetismo
O levantamento classifica a população em cinco níveis de alfabetismo: analfabeto, rudimentar, elementar, intermediário e proficiente. Os dois primeiros compõem o grupo dos analfabetos funcionais. O nível elementar aparece isoladamente como alfabetismo elementar. Os dois últimos representam o alfabetismo consolidado.
A maioria da população brasileira se encontra nos níveis intermediários: 36% no nível elementar e 35% no consolidado. Apenas 10% da população atingiu o nível proficiente, que exige compreensão de textos complexos e realização de operações matemáticas mais sofisticadas.
O Inaf também aponta aumento do analfabetismo funcional entre os jovens de 15 a 29 anos. Em 2018, esse índice era de 14%. Em 2024, subiu para 16%. Especialistas atribuem essa elevação aos efeitos da pandemia, período em que o fechamento das escolas dificultou o acesso à educação e interrompeu processos de aprendizagem.