A socióloga e militante do movimento negro e feminista Antônia Garcia faleceu neste domingo (5), em Salvador, vítima de um câncer. O sepultamento foi realizado no Cemitério Bosque da Paz, na capital baiana.
Nascida na cidade de Cachoeira, no recôncavo baiano, Antônia entrou para a militância ainda adolescente, aos 12 anos, como integrante da Juventude Agrária Católica (JAC) e foi parteira em comunidades rurais. Chegou em Salvador nos anos 70, quando passou a morar na região do Subúrbio Ferroviário da cidade, realizando trabalho comunitário.
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Em sua vida política, Antônia Garcia foi uma das primeiras fundadoras do PT na Bahia, sendo eleita a primeira presidente mulher e negra do partido em Salvador. Ela atuava em defesa dos direitos das mulheres, especialmente das mulheres negras, e por políticas públicas para os territórios urbanos da capital baiana, sobretudo do Subúrbio Ferroviário de Salvador, local onde era liderança.
A socióloga também foi uma das dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e já atuou como secretária de Reparação de Salvador, em 2007, foi presidente da Federação das Associações de Bairros de Salvador (Fabs), e secretária de Mulheres do PT.
Em uma das suas frentes de articulação dos movimentos sociais, a socióloga também liderou e conquistou o direito às creches comunitárias e de moradia para famílias de baixa renda, abrangendo todo o âmbito nacional.
Homenagens
O PT Bahia e lideranças políticas lamentaram a morte de Antônia Garcia. Em nota, o partido destacou a luta da socióloga na defesa da democracia e ressaltou o legado da militante.
“Antônia deixa um legado de luta que nos inspira a continuar perseverando por uma vida mais justa. Sua luta jamais será esquecida. Pelo contrário, será sempre um exemplo para que continuemos na caminhada por uma vida melhor para todos e todas”, escreveu a legenda.
A vereadora e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Democracia da Câmara de Salvador, Marta Rodrigues, falou sobre a importância da socióloga para a defesa e empoderamento das mulheres negras.
“Ela foi uma gigante que desenvolveu importante trabalho de combate à exclusão de mulheres negras, por valorização da região e pelo combate à desigualdade. Seu legado estará presente e nos serve de inspiração”, disse a vereadora.
O governador da Bahia, Rui Costa, também lamentou a morte de Antônia Garcia, a quem definiu como uma mulher negra atuante na luta diária em favor da democracia e dos mais necessitados.
“Sua passagem é uma perda para o grupo daqueles que se dedicam a promover o bem comum e fazem das grandes causas sua razão de existir. Meus sentimentos à família e aos amigos”, escreveu em uma rede social.
O Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), também emitiu uma nota de pesar e destacou as contribuições da militante aos estudos sobre gênero, raça e classe.
“De fato, perderam hoje, junto a nós, os movimentos de mulheres, o movimento negro, os movimentos de bairros de Salvador, o Partido dos Trabalhadores e a esquerda brasileira, como um todo, essa nossa batalhadora das mais atuantes, das mais dedicadas e das mais lúcidas, cuja ausência se fará sentir por todas e todos nós que a tínhamos como amiga, parceira e companheira – ainda mais neste momento quando temos pela frente grandes batalhas pela reconquista e reconstrução do nosso Brasil!”
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