Carioca de Realengo, Marcele Oliveira celebra e muito um desafio fora do comum: representar a juventude negra no mais alto escalão de debate sobre a questão climática no Brasil e no mundo. Durante a Conferência Entre as Partes no Brasil, que acontece em novembro de 2025, em Belém, a jovem será responsável por representar a juventude brasileira em um momento central para o debate da justiça climática e os compromissos do país.
Em conversa com a Alma Preta, Marcele contou um pouco do processo de escolha e os próximos passos da nova função. “Esse cargo foi criado na COP do Egito, a partir de uma construção de uma liderança que levasse as demandas da juventude global para a presidência da COP no processo de construção e negociação para que tivessem mais vozes das crianças e dos adolescentes reunidas nesse espaço de decisão.
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Nesse cenário de reflexão sobre o espaço da Conferência, ela ressalta que a Conferência é um evento que fala sobre as nossas vidas. “Por isso, ele precisa ser traduzido e acessível para que a gente possa estar levando as nossas questões. Esse quadro de ‘Presidency Youth Climate Champion’, o qual o presidente [Lula] me confiou, tem como foco ajudar a formatar uma estrutura para que juntos a gente construa um grande mutirão pelo clima rumo à COP30″, completa a ativista.
De acordo com a nota divulgada pelo Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Marcele integrou a lista do Edital de Chamamento para o Jovem Campeão Climático, iniciativa inédita do governo federal, realizada pela Secretaria Nacional de Juventude — órgão da Secretaria Geral. No total, 154 jovens se inscreveram para o edital. A partir deste processo, a Comissão Organizadora selecionou 24 nomes, que foram encaminhadas para a Presidência da COP30.
Marcele Oliveira conta com experiência no campo para aceitar um desafio internacional
Nascida em Realengo, bairro da periferia do município do Rio de Janeiro, a produtora revela que a luta pela implementação de um parque verde que transformou o seu olhar para o seu próprio território: “Esse processo fez com que a luta ambiental e climática fizesse parte da minha trajetória de produção cultural. Eu pesquiso cultura e clima e, com isso, enxerguei uma ação de mobilização para se transformar em uma política pública de parques urbanos na cidade do Rio de Janeiro”.
Ela conta que, desde 2019, junto à agenda Realengo 2030 e à Coalizão Clima de Mudança, e mais recentemente, com o PerifaLab e o programa da Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Jovens Negociadores pelo Clima), aprendeu que as negociações que acontecem na ONU “são sobre a gente”, principalmente sobre racismo ambiental e justiça climática.
